Fundamentos, princÃpios e objetivos de uma polÃtica de ... - Uece
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socioeconomicamente, fazendo parte <strong>de</strong> um arsenal i<strong>de</strong>ológico que preten<strong>de</strong><br />
jogar a responsabilida<strong>de</strong> no indivíduo pela sua empregabilida<strong>de</strong>, seja ele<br />
criando um negócio, ou se empregando no mercado <strong>de</strong> trabalho cada vez mais<br />
seletivo. Esse pressuposto está ancorado em nossa prática na coor<strong>de</strong>nação do<br />
Projeto Juventu<strong>de</strong> Empreen<strong>de</strong>dora, através do qual pu<strong>de</strong>mos entrar em contato<br />
com os estudiosos do empreen<strong>de</strong>dorismo.<br />
Com isso não estamos entrando no <strong>de</strong>bate do empreen<strong>de</strong>dorismo<br />
quando direcionado a um público que aspira ser empreen<strong>de</strong>dor e possui as<br />
ferramentas imprescindíveis para ingressar nesse universo competitivo, o que<br />
pressupõe um amplo leque <strong>de</strong> competências e <strong>de</strong> recursos financeiros<br />
(condições objetivas e subjetivas para ser empreen<strong>de</strong>dor). Trata-se <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
situação que não reflete a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses jovens que, sob o signo da classe<br />
trabalhadora, encontram-se em <strong>de</strong>fasagem educacional e, principalmente, sem<br />
capital necessário para iniciar algum empreendimento, tendo em vista o Estado<br />
não fornecer linha <strong>de</strong> crédito para os prováveis negócios.<br />
É importante salientar que <strong>de</strong>scobrimos essas incongruências<br />
conhecendo e transmitindo esses conteúdos para a juventu<strong>de</strong> em questão,<br />
momentos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira angústia. Qualquer profissional que faz da sua<br />
ativida<strong>de</strong> um meio <strong>de</strong> melhorar a vida do ser h<strong>uma</strong>no procura formas<br />
alternativas, viáveis para a realização <strong>de</strong>sses <strong>objetivos</strong>.<br />
Nesse processo nos damos conta das contradições entre o discurso<br />
e a prática, tendo em vista que a juventu<strong>de</strong> à qual estávamos nos dirigindo não<br />
está <strong>de</strong>scolada <strong>de</strong> seu contexto, <strong>uma</strong> vez que é sujeito datado e situado n<strong>uma</strong><br />
sociabilida<strong>de</strong> capitalista. Na sua essência, o capitalismo se constitui n<strong>uma</strong><br />
socieda<strong>de</strong> extremamente <strong>de</strong>sigual, mas que se apresenta, no discurso, como a<br />
única socieda<strong>de</strong> que permite a ascensão social pelo esforço individual, daí a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolverem as características empreen<strong>de</strong>doras em<br />
todos os indivíduos, para que, indistintamente, tenham a mesma possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> galgar espaços na estrutura social. E, como num jogo, ―vencem os<br />
melhores‖.<br />
Nesse momento, <strong>de</strong>scobrir que estamos disseminando ―falsas<br />
i<strong>de</strong>ias‖ implica num processo doloroso. A força da palavra é capaz <strong>de</strong> embalar