Fundamentos, princÃpios e objetivos de uma polÃtica de ... - Uece
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se reporta. É <strong>de</strong>sses estudiosos que surge a indagação: para que serve ir à<br />
escola, se não se adquire nela os meios para agir no mundo e sobre o mundo?<br />
Daí o autor fala <strong>de</strong> ―<strong>uma</strong> tensão entre os que querem transmitir a cultura e os<br />
conhecimentos por si e os que querem, nem que seja em visões contraditórias,<br />
ligá-los muito rapidamente a práticas sociais” (1999, p. 14). Então, o cenário<br />
comporta um campo heterogêneo composto <strong>de</strong> conservadores, <strong>de</strong>mocratas e<br />
elites. Contudo, para clarear a i<strong>de</strong>ia do autor, a seguinte citação resume seu<br />
pensamento em torno <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>bate:<br />
Seria muito restritivo fazer do interesse do mundo escolar pelas<br />
competências o simples sinal <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>pendência em relação à<br />
política econômica. Há antes <strong>uma</strong> junção entre um movimento a partir<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro e um apelo <strong>de</strong> fora. Um e outro nutrem-se <strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong><br />
dúvida sobre a capacida<strong>de</strong> do sistema educacional para tornar as<br />
novas gerações aptas a enfrentarem o mundo <strong>de</strong> hoje e o <strong>de</strong> amanhã<br />
(PERRENOUD, 1999, p. 14).<br />
Tudo leva a crer que, na França, assim como na Alemanha, a<br />
educação estava passando por <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> crise, na qual seus alunos estavam<br />
saindo da escola, sem conseguir intervir nas soluções dos problemas. A<br />
criativida<strong>de</strong> intelectual estagnou, em função <strong>de</strong> <strong>uma</strong> completa ruptura entre<br />
teoria. Dando sequência às i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Perrenoud, faremos um breve<br />
comentário, <strong>de</strong> acordo com cada ponto explicitado pelo autor.<br />
Entenda-se: não se trata <strong>de</strong> renunciar a qualquer ensino<br />
―organizado‖. Po<strong>de</strong>-se muito bem imaginar a harmoniosa coexistência<br />
das duas lógicas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não se esqueça <strong>de</strong> que, por natureza, a<br />
lógica do ensino é imperialista, que jamais há tempo suficiente <strong>de</strong><br />
expor ―mínimo do que se <strong>de</strong>ve saber antes <strong>de</strong> agir‖. Isso leva os<br />
currículos clássicos <strong>de</strong> medicina a concentrar três anos <strong>de</strong> teorias –<br />
física, química, biologia, anatomia, fisiologia, farmacologia, etc. –<br />
antes <strong>de</strong> ser iniciada a primeira experiência clínica. Para manter-se<br />
um improvável equilíbrio, é sensato inscrevê-lo no dispositivo e, em<br />
um certo sentido, impô-lo a cada professor, para ajudar este último a<br />
lutar contra a tentação <strong>de</strong> voltar para a <strong>uma</strong> pedagogia da ilustração<br />
da teoria com alguns casos concretos no fim do percurso. (...)<br />
trabalhar para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências não se limita a<br />
torná-las <strong>de</strong>sejáveis, propondo <strong>uma</strong> imagem convincente <strong>de</strong> seu<br />
possível uso, nem eliminando a teoria, <strong>de</strong>ixando entrever sua<br />
colocação em prática. Trata-se <strong>de</strong> ―apren<strong>de</strong>r, fazendo, o que não se<br />
sabe fazer‖ (PERRENOUD, 1999, p.55, grifo do autor).