Fundamentos, princÃpios e objetivos de uma polÃtica de ... - Uece
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do trabalhador que aumentam quantitativamente e qualitativamente os<br />
resultados do trabalho<br />
... A intensida<strong>de</strong> é, portanto, mais que esforço físico, pois envolve<br />
todas as capacida<strong>de</strong>s do trabalhador, sejam as <strong>de</strong> seu corpo, a<br />
acuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua mente, a afetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>spendida ou os saberes<br />
adquiridos através do tempo ou transmitidos pelo processo <strong>de</strong><br />
socialização (ROSSO, 2008, p.21).<br />
A intensificação do trabalho se verifica nas mais diferenciadas áreas<br />
da ativida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na: nas das finanças, das telecomunicações, nos ramos da<br />
saú<strong>de</strong>, da educação, da cultura, <strong>de</strong>ntre outras em que os serviços são<br />
consi<strong>de</strong>rados imateriais. A imaterialida<strong>de</strong> do trabalho engloba principalmente o<br />
setor terciário, que tem crescido:<br />
A emergência <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s em que a maioria dos empregos se<br />
localiza no setor <strong>de</strong> serviços levanta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> surgimento <strong>de</strong><br />
outros paradigmas <strong>de</strong> intensificação não necessariamente<br />
proce<strong>de</strong>ntes do paradigma industrial. [...] Nos paradigmas industriais,<br />
através da história, prevalece sistematicamente o trabalho em sua<br />
dimensão física, que consome energias do corpo do trabalhador, que<br />
produz cansaço físico, que leva a aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho e que<br />
acarreta em doenças do trabalho. A transição do paradigma da<br />
materialida<strong>de</strong> para a imaterialida<strong>de</strong> é acompanhada por<br />
conseqüências <strong>de</strong> amplas implicações. O trabalho apoiado por<br />
computadores fixos e portáteis, por sistemas <strong>de</strong> comunicação por<br />
meio <strong>de</strong> telefones celulares e mil aparelhos que suce<strong>de</strong>m<br />
freneticamente uns aos outros no mercado ten<strong>de</strong> as romper com o<br />
padrão dos tempos <strong>de</strong> trabalho separado nitidamente dos tempos <strong>de</strong><br />
não-trabalho. As fronteiras passam a ficar difusas e o tempo <strong>de</strong><br />
trabalho inva<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> não-trabalho, afetando a vida individual<br />
e coletiva (ROSSO, 2008, p. 35).<br />
Com isso po<strong>de</strong>mos inferir que o fato <strong>de</strong> o setor <strong>de</strong> serviços estar em<br />
expansão não implica dizer que acabou a exploração do trabalho no sistema<br />
capitalista e que estaríamos n<strong>uma</strong> nova or<strong>de</strong>m econômica pós-capitalista. A<br />
intensificação do trabalho mais do que nunca integra os diferentes setores da<br />
economia (primário, secundário e terciário) como a afirma Rosso:<br />
A inteligência e o afeto representam novas frentes <strong>de</strong> intensificação<br />
do trabalho, no sentido <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> fronteiras das capacida<strong>de</strong>s<br />
h<strong>uma</strong>nas entendidas até bem recentemente como infensas ao<br />
controle e à exploração pelo capital. O processo é antes cumulativo<br />
que substitutivo. Cumulativo à medida que os trabalhadores precisam<br />
acrescentar o gasto <strong>de</strong> energias intelectuais e psíquicas ao gasto <strong>de</strong><br />
energias físicas. O efeito do acúmulo indica que o trabalho é, por um<br />
lado, explorado mais intensamente e, por outro, que os <strong>de</strong>sgastes<br />
dos trabalhadores se ampliam para fronteiras do mundo da ativida<strong>de</strong><br />
que antes não eram mobilizadas. Dessa forma, a concepção <strong>de</strong><br />
trabalho intelectual e <strong>de</strong> trabalho emocional presente neste livro difere