Fundamentos, princÃpios e objetivos de uma polÃtica de ... - Uece
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enquanto a maioria permanece à espera das necessida<strong>de</strong>s das empresas, para<br />
executar tarefas que exigem menos conhecimento (ANTUNES, 2002).<br />
Zarifian (2001), analisando a introdução do conceito <strong>de</strong> competência<br />
em face do <strong>de</strong>semprego, refere-se a mudanças nos critérios <strong>de</strong> seleção,<br />
conferindo alta seletivida<strong>de</strong> dos trabalhadores, os quais longe <strong>de</strong> incluí-los,<br />
conduziram gran<strong>de</strong>s parcelas dos assalariados ao <strong>de</strong>semprego e à<br />
precarieda<strong>de</strong> na França. Para ele, a lógica das competências integra gran<strong>de</strong>s<br />
ambiguida<strong>de</strong>s. Esse novo paradigma viria superar o mo<strong>de</strong>lo até então utilizado<br />
das qualificações para o posto <strong>de</strong> trabalho. Essa mudança introduziu no<br />
discurso o reconhecimento dos ―recursos h<strong>uma</strong>nos‖, diferenciando-se da<br />
produção taylorista, em que o cerne das preocupações dos gerentes era o<br />
esforço físico, a <strong>de</strong>streza manual e a gestão do trabalho. Assim difundiu-se,<br />
nos meios empresariais, que, na produção flexível, novas competências<br />
<strong>de</strong>veriam ser avaliadas, não somente a competência (no singular) do ―saberfazer<br />
operacional‖ focalizado no cargo.<br />
A avaliação do <strong>de</strong>sempenho dos trabalhadores <strong>de</strong>ve, agora, não<br />
centrar nas habilida<strong>de</strong>s corporais, ou seja, na sua agilida<strong>de</strong> no exercício <strong>de</strong><br />
suas funções; agora, a inteligência do trabalhador é requerida no processo do<br />
trabalho. O autor discorda <strong>de</strong>ssa perspectiva, <strong>uma</strong> vez que, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> maneira<br />
geral, um trabalhador não executa suas ativida<strong>de</strong>s sem seu ―cérebro‖. Para o<br />
autor, apesar do discurso aparentemente inovador, o trabalhador continuou<br />
sendo um recurso a ser investido em função do posto <strong>de</strong> trabalho, e não em<br />
função dos interesses do trabalhador, que permanece alheio às <strong>de</strong>cisões e à<br />
compreensão dos processos produtivos. No contexto <strong>de</strong>ste ―novo referencial‖<br />
os trabalhadores <strong>de</strong>veriam ser, finalmente, valorizados tendo o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>cisão no que se refere aos processos produtivos e da evolução da<br />
organização do trabalho, <strong>de</strong>ntre outras ações. Nas palavras do autor:<br />
Antes <strong>de</strong> tudo, no que concerne ao plano conceitual, é preciso notar<br />
que apesar do uso abundante do termo competência, ele continua<br />
muito marcado pelas ferramentas e abordagens dos anos 70, elas<br />
mesmas construídas não em torno da noção <strong>de</strong> ―competência‖, mas<br />
<strong>de</strong> ―qualificação do emprego‖. Por um estranho <strong>de</strong>scompasso<br />
histórico e <strong>uma</strong> curiosa confusão semântica, é um mo<strong>de</strong>lo ―dinâmico‖<br />
e ―amplo‖ do posto <strong>de</strong> trabalho que continua impondo-se, <strong>de</strong> acordo<br />
com os mesmos princípios <strong>de</strong> ajustamento do empregado ao<br />
emprego, apesar <strong>de</strong> intenso esforço para apresentar esse