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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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tíficos, livros e reportagens publicadas em revistas comerciais que<br />

garimpei ao longo da elaboração da tese, cujas menções à temática<br />

me ajudaram a esboçar um mosaico da solteirice, de que me utilizo<br />

para retomar os depoimentos de Eva e Indira, nomes fictícios<br />

que adotarei, de agora em diante, para dialogar com as minhas<br />

informantes.<br />

O corpo em movimento<br />

Os indivíduos são sugestionados pelo contexto e pela temporalidade<br />

social e histórica, que produzem deslocamentos na dinâmica<br />

familiar, engendram oposições e complementaridades na<br />

trajetória das gerações cujo legado familiar pode ser reelaborado<br />

e/ou reinterpretado, de forma a compor uma simultaneidade entre<br />

os referenciais identitários que os classificam como mulheres e<br />

homens, membros das classes médias e a restrição ou pluralidade<br />

de escolhas presentes na tessitura social. Tais indicativos também<br />

sugerem que as tramas e coreografias da solteirice são diversas no<br />

tocante à experiência pessoal e à vida afetiva e sexual, mesmo entre<br />

grupos contíguos.<br />

Com efeito, as mulheres nascidas entre 1940 e 1950, 1 como é<br />

o caso de Indira (67 anos), foram educadas para cultivar o recato<br />

e a virtude; até mesmo o flerte deveria ser uma etapa inicial<br />

para alcançar o matrimônio, caso contrário indicaria ausência de<br />

pudor e inconsequência. Então, o corpo da mulher era mantido<br />

sob forte vigilância e qualquer deslize ou mal-entendido poderia<br />

comprometer irrevogavelmente a reputação da jovem casadoira,<br />

que passava a ser classificada pelo seu reverso, “garota de programa”,<br />

aquela com quem os rapazes não se casam, o que fazia com<br />

que as moças tentassem negar, sublimar seus desejos sexuais até<br />

1 Ver, por exemplo, Carla Bassanezi (1996; 2000); Marlene Fáveri (1999).<br />

Gênero, mulheres e feminismos 99

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