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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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objetivos, além de nos permitirem avançar no enfrentamento dos<br />

muitos obstáculos que encontramos ao longo de nossa carreira<br />

acadêmica. Como ressaltam Ruth Hubbard e Elijah Wald (1999), é<br />

fato incontestável que o meio acadêmico reflete e reproduz, dentre<br />

outros aspectos sociais, os estereótipos de gênero, especialmente<br />

no campo cognitivo, o que nos obriga a enfrentar preconceitos<br />

quanto às nossas escolhas, nossos procedimentos investigativos e,<br />

até mesmo, quanto aos resultados que divulgamos.<br />

Os termos “gênero” e “ciência” apareceram associados pela<br />

primeira vez, em 1978, em um artigo publicado por Keller (1998)<br />

no qual a autora externava a sua preocupação com o fato de que a<br />

associação entre a objetividade e o masculino e, consequentemente,<br />

entre masculino e científico, nunca fora questionada, sequer<br />

levada a sério no meio acadêmico. No Brasil, estudos associando<br />

os dois termos se avolumaram nos últimos anos, distribuindo-se<br />

em diferentes perspectivas, mas, de um modo geral, e de acordo<br />

com o que acontece em outros meios acadêmicos no mundo,<br />

enquadrando-se em três grandes abordagens, segundo a nossa<br />

percepção: (1) a estrutural, que analisa a presença, a colocação e a<br />

visibilidade das mulheres nas instituições científicas; (2) a epistemológica,<br />

que questiona os modos de produção do conhecimento<br />

a partir de uma crítica aos princípios norteadores do pensamento<br />

científico hegemônico; e (3) a análise dos discursos e das representações<br />

sobre mulheres na ciência, identificando metáforas de<br />

gênero como as que associam a mulher à Natureza e o homem à<br />

Razão, com repercussões importantes nos conteúdos de diversas<br />

disciplinas.<br />

Nesse contexto, cientistas brasileiras e latino-americanas têm<br />

produzido seus estudos, marcados substancialmente pelo pensamento<br />

de feministas de língua inglesa. Em um espectro que<br />

compreende desde um disfarçado neoempiricismo até o mais<br />

transgressor pensamento pós-moderno, as mulheres que produ-<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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