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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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lações revelam possibilidades inventivas sobre relações de gênero<br />

e sobre relações sociais. Assim, perpassa e marca as mais diversas<br />

ações sociais, não se restringindo, portanto, à relação corpo<br />

biológico−sexo−gênero, antes, abarca e dota de sentido a organização<br />

da vida social. 7 Essa noção de gênero, tida como guia na<br />

consideração de alteridades complexas, leva, também, à busca<br />

pela compreensão das relações de poder nelas embutidas e dos<br />

processos de constituição de sistemas de desigualdades.<br />

Com isto, chegamos, inevitavelmente, às considerações sobre<br />

a natureza política dessa Antropologia, outro elemento fundamental<br />

para a delimitação do campo. O seu caráter político,<br />

presente na aparição recorrente da proposta de luta por projetos<br />

e coalizões politicamente significativos nos textos consultados –<br />

como a proposta de se ter um conhecimento produtivo, politicamente<br />

levantada por Deborah Gordon (1993) e Ono (2003) –,<br />

recoloca no seu horizonte teórico a noção de engajamento como<br />

uma característica que lhe é inerente.<br />

A noção de político aqui presente me parece estar associada a<br />

um questionamento e a uma busca pela compreensão de como se<br />

configuram as relações de poder e em como a ideia de diferença,<br />

tão cara à Antropologia em geral e à Antropologia Feminista, em<br />

especial, se complexifica e aparece na constituição de desigualdades.<br />

O intuito parece ser, de posse desse mapa cultural das relações<br />

de poder, o de contribuir para a sua reconfiguração. É nesse<br />

sentido que Gordon (1993) entende a Antropologia Feminista e o<br />

seu caráter engajado, inspirado pela reflexão de Peggy Sanday sobre<br />

fraternidades, estupro e masculinidade entre homens bran-<br />

7 Algumas vertentes de estudos sobre a violência contra as mulheres no Brasil se utilizam de uma<br />

noção de gênero que associa corpo biológico−sexo−gênero. Ver, por exemplo, a compilação de<br />

Maria Amélia Teles e Mônica Melo (2002) sobre o tema e Suely Almeida (1998). Ver também o<br />

levantamento crítico realizado por Maria Luiza Heilborn (1992).<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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