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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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dominante produzido por um olhar masculino. É nesse mesmo<br />

momento e em confluência com essa tendência de que as mulheres<br />

querem mesmo é encontrar seu par ideal e constituir uma família<br />

que bate recordes de bilheteria (também impulsionado pelo<br />

Oscar) o já citado filme O diário de Bridget Jones. 11<br />

Dessa mulher real que não consegue alcançar as medidas corporais<br />

do padrão, das dificuldades de uma profissional em decidir<br />

o que será seu “parceiro ideal”, dos “mitos de realização da mulher”<br />

com relação à reprodução e ao pouco tempo que lhe resta<br />

para contemplar a ideia de que só se é mulher ao ter um filho, tanto<br />

as séries como os filmes são representantes. Desse cadinho de<br />

informações, muitas vezes diversificadas e de campos semânticos<br />

diversos, o discurso dominante consegue desenvolver uma narrativa<br />

para a mulher sobre seus próprios desejos, agregando ainda<br />

sua aparência como “marca” determinante de feminilidade, 12 − o<br />

que “coincide” com a “indústria da beleza”, como intitula Naomi<br />

Wolf: uma mulher que se desdobra no consumo de cosméticos,<br />

vestuário (vestidos, salto alto, bolsas enormes e adereços) bem<br />

como a agregação de bens de consumo, como locais de festas e<br />

rituais de diversão, alimentação e restaurantes.<br />

11 “Constrangimento. Essa é a principal sensação que se tem ao assistir ao Diário de Bridget Jones<br />

[...]. Não que o filme seja ruim, ao contrário, é muitíssimo divertido. O que constrange são as<br />

inúmeras e fenomenais gafes protagonizadas pela personagem título, vivida por Renée Zellweger,<br />

daquelas que nos fazem sentir vergonha pela outra pessoa. [...] Ela parece ter a capacidade<br />

de sempre dizer as coisas erradas nas horas mais impróprias e de agir de forma estranha nas<br />

situações mais improváveis. [...] Essa identificação com a personagem é que fez dela um dos<br />

grandes sucessos do mercado editorial inglês dos últimos tempos. Quem lê o livro ou assiste ao<br />

filme sempre encontra algum ponto em comum com a desajeitada Bridget, principalmente, por<br />

ela ser uma mulher absolutamente comum: com trinta e poucos anos ainda não se casou, bebe<br />

e fuma demais, não se dá tão bem com a mãe, faz um trabalho sem graça e sempre acha que<br />

precisa fazer dieta, mas nunca faz. [...] Num final de ano, depois de cometer mais algumas gafes<br />

memoráveis [...], Bridget decide mudar sua vida e encontrar seu grande amor. [...] Embora seja<br />

um filme sobre as mulheres e feito para elas, não há qualquer contra-indicação para os homens<br />

que, com certeza, irão se divertir da mesma forma”. (GONÇALVES, 2010)<br />

12 Não esquecer também que o homem tem seu paradigma.<br />

306<br />

Gênero, mulheres e feminismos

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