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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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texto, mas foi exteriorizada de forma incisiva na seguinte frase:<br />

“a mulher é profundamente differente do homem. Cada uma das<br />

cellulas do seu corpo traz a marca do seu sexo”. Por isso “nunca a<br />

mulher poderá ter as mesmas ocupações do homem, nem os mesmos<br />

poderes, nem as mesmas responsabilidades”. (HAGE, 1937,<br />

p. 225)<br />

Em outras palavras, a Medicina, o Direito e o próprio Magistério<br />

não eram ocupações a serem desenvolvidas pelo sexo feminino,<br />

que deveria se dedicar aos filhos – concebê-los e criá-los –,<br />

uma vez que “a procreação é a finalidade naturalissima da mulher”.<br />

(HAGE, 1937, p. 225) Dessa forma, “o seu papel no processo<br />

da civilização é muito mais relevante do que o do homem” (HAGE,<br />

1937, p. 225) e ela não devia abandoná-lo em prol de responsabilidades<br />

ou ocupações outras, a exemplo do exercício político e<br />

profissional. Foram esses os argumentos apresentados pelo doutor<br />

Moysés Hage para defender a naturalidade do parto – com suas<br />

dores e complicações – como uma função.<br />

Considerando-se que Diógenes Vinhaes, apesar do polêmico<br />

título do seu trabalho, em nenhum momento desvincula a mulher<br />

da maternidade, acredito que Hage tenha se valido do trabalho do<br />

seu colega para manifestar a sua posição contrária às ideias feministas<br />

– em prol dos direitos políticos e de uma educação intelectual<br />

voltada para o exercício de profissões liberais – de então. Esta<br />

suposição se origina das referências feitas no texto desse médico<br />

que afirma que o que colocava a vida das mulheres em risco não<br />

era o parto natural, a maternidade, mas uma falsa educação e a<br />

atuação de um “feminismo pedante” (p. 220), chegando a expressar<br />

o seguinte ensejo: “praza a Deus que nenhuma mulher, ‘sadia’<br />

se impressione pelos falsos conceitos dos propugnadores do feminismo”.<br />

(HAGE, 1937, p. 225)<br />

O que Hage definiu como “falsa educação” era toda educação<br />

que não se pautava nas diferenças biológicas entre os sexos,<br />

178<br />

Gênero, mulheres e feminismos

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