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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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tório, sanitários, refeitório, oficina mecânica, depósitos, caldeiras,<br />

câmaras de fumo e de charutos, carpintaria, salões de beneficiamento<br />

de fumo, onde se concentrava grande parte do pessoal nas<br />

várias etapas do preparo do fumo, salão de anelamento, salão de<br />

encaixamento, bancas de capas e a charutaria.<br />

Salvo as áreas e repartições comuns, as demais eram divididas<br />

entre os dois sexos, ou seja, havia repartições masculinas e repartições<br />

femininas. Os homens ocupavam as áreas administrativas,<br />

a área de serviços pesados e serviços gerais. As mulheres ocupavam,<br />

apenas, as repartições de trabalho ligadas diretamente ao<br />

beneficiamento dos fumos e à confecção e embalagem dos charutos<br />

e cigarrilhas. Todas as áreas e repartições eram, estrategicamente,<br />

projetadas para atender, além das necessidades da cadeia<br />

de produção, a localização dos indivíduos conforme o gênero e a<br />

posição na escala do poder. 17 Assim, as mulheres fumageiras foram<br />

distribuídas, em suas diversas funções, no centro da fábrica<br />

– onde se localizavam os salões de beneficiamento dos fumos, de<br />

encaixamento e anelamento dos charutos – e na parte da frente,<br />

onde se localizava a charutaria. (SILVA, 2001)<br />

A seção de charutaria, um espaço predominantemente feminino,<br />

ficava sempre no salão da frente onde as bancas eram distribuídas<br />

em fileiras duplas, dispondo as mulheres sentadas em<br />

tamboretes, uma ao lado da outra em cada fileira de bancas. As<br />

bancas eram divididas, em média, em dez lugares cada uma, separadas<br />

por tábuas laterais que ofereciam a cada charuteira um<br />

espaço individualizado, onde arrumavam seus instrumentos e materiais<br />

de trabalho. Porém, como se observa na primeira fotografia<br />

a seguir, a distribuição das bancas da charutaria não favorecia a<br />

17 A divisão dos espaços na fábrica obedece ao método de racionalização da produção para<br />

garantir a produtividade em menos tempo possível, evitando gastos e comportamentos<br />

supérfluos, conforme os princípios tayloristas de organização do trabalho. Contudo, a<br />

subordinação de gênero manifestada na divisão sexual do trabalho foi uma base aliada à<br />

exploração das mulheres e, neste caso, expressamente às fumageiras.<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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