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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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em de sinalizar para os riscos e armadilhas a que se expõem as<br />

mulheres acima de quarenta anos, uma vez que a diminuição das<br />

chances no mercado matrimonial acentua sua carência afetiva.<br />

Algumas reportagens chamam a atenção para o crescimento<br />

do número de mulheres que escolhem permanecer solteiras, enquanto<br />

outras destacam que estas podem ser felizes mesmo sem<br />

um par, mas esse tipo de artigo ainda é exceção. De modo geral,<br />

as revistas defendem que tanto o investimento das solteiras neoliberadas<br />

na carreira profissional como o consumo em shoppings<br />

centers não passam de um lenitivo contra a solidão, enquanto não<br />

estabelecem um relacionamento amoroso estável. (GONÇALVES,<br />

2007) Logo, mesmo priorizando a carreira, as mulheres por volta<br />

dos 30 anos, sob a influência de amigas casadas ou em vias de se<br />

casar, se sentem inquietas, ansiosas e projetam fantasias em torno<br />

do casamento, ou seja, as solteiras sem par desenvolvem uma sensação<br />

de “incômodo social”, por serem diferentes das demais mulheres<br />

do seu círculo de convivência. (ZAIDAN; CHAVES, 2003)<br />

Observa-se que, apesar das profundas transformações sociais<br />

das últimas décadas, a mulher sem parceiro ainda é concebida<br />

como problemática, incompleta e, ainda, ao que parece, o fato de<br />

conferir prioridade a um projeto profissional pode sugerir egoísmo,<br />

alguma espécie de culto narcísico ou uma compensação para<br />

a ausência de vida afetiva. Além disso, reafirma-se a pretensa vocação<br />

natural da mulher para o casamento e a maternidade, bem<br />

como a prerrogativa masculina no jogo da sedução; assim, a mulher<br />

permanece como objeto e não como sujeito do desejo, o homem<br />

ainda escolhe e ela, se quiser ser escolhida, deve ignorar suas<br />

expectativas pessoais/relacionais, ou seja, abdicar do poder de fazer<br />

suas próprias escolhas. Em compensação, ganha como prêmio<br />

“um cobertor de orelha fixo” (LIMINHA; DA MATA, 2004),<br />

mesmo que, para isso, tenha de chamar o sapo de príncipe, como<br />

recomendam os versos da canção popular.<br />

Gênero, mulheres e feminismos 97

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