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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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Embora a questão requeira uma análise mais profunda para<br />

caracterizar de maneira satisfatória a crise ou desmonte da “sociedade<br />

salarial” (CASTEL, 1998, p. 48), o seu contraponto reaparece,<br />

no que tange ao papel da família nos termos anteriormente<br />

citados. A esse respeito, Pedro Vera e Marcos Díaz (2009, p. 125)<br />

contribuem para tal debate, utilizando a noção de familismo para<br />

pensar um modelo de solidariedade familiar e de parentesco cuja<br />

eficácia se mantém e apresenta sólidos laços, segundo afirmam<br />

os autores. Isso é observado, de modo especial, na Europa do Sul,<br />

enquanto nos países anglo-saxões tal fenômeno não ocorre com a<br />

mesma intensidade, pelo fato de a família nuclear se tornar mais<br />

rara – por exemplo, nos EEUU, a proporção da mesma passou de<br />

cerca de 45%, em 1970, para perto de 25%, em princípios do sec.<br />

XXI (CARLING; DUNCAN, 2002 apud VERA; DÍAZ, 2009), indicando<br />

que as famílias monoparentais é que se tornam cada vez<br />

mais frequentes.<br />

Segundo a referida argumentação, continua pertinente a referência<br />

a um modelo de micro solidariedade familiar, identificado<br />

empiricamente na Espanha e na Itália (VERA; DÍAZ, 2009), o que<br />

indicaria um interesse renovado no funcionamento da dinâmica<br />

familiar e reitera a hipótese de sua função de “amortecedora” das<br />

carências do Estado. Entretanto, ressalta-se, desta vez, a contribuição<br />

das mulheres em prover cuidados não remunerados, principalmente,<br />

para as crianças, idosos e doentes, revisitando-se a<br />

temática que hoje se atualiza sob o rótulo dos “cuidados”, onde<br />

se discute que uma parte importante das atividades de bem-estar<br />

e satisfação vital dos cidadãos continuaria coberta pela família<br />

(mesmo sem a ajuda pública), embora, nem sempre se faça o<br />

devido reparo de que a exacerbação desta função faz recair sobre<br />

ela (família) um protagonismo excessivo, lançando-lhe o ônus de<br />

suas próprias necessidades − dentro da atual lógica neoliberal.<br />

Gênero, mulheres e feminismos 145

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