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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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De um modo geral, podemos identificar que o “grande encontro”<br />

do feminismo com o discurso pós-moderno acontece<br />

no momento em que ambos se colocam face às problematizações<br />

em torno da diferença. Entretanto, é importante deixar evidente<br />

porque falo em “encontro” e porque apresento a tematização da<br />

diferença como o principal ponto de contato entre esses dois discursos:<br />

em primeiro lugar, não vejo o feminismo como um tipo de<br />

pensamento eminentemente pós-moderno, o que daria uma ideia<br />

equivocada de que o feminismo contemporâneo possa ser visto<br />

como “produto” do pensamento pós-moderno, como lembra Valeska<br />

Wallerstein:<br />

O feminismo aparece como uma das principais vertentes disto<br />

que chamarei de pensamento da diferença, sem que por isso<br />

ele seja derivado, uma conseqüência do pós-modernismo. [...]<br />

Quero apenas levantar uma defesa do feminismo em relação a<br />

uma ‘acusação’ um tanto comum: de que o feminismo seria o<br />

filho mais importante do pós-modernismo. (2004, p. 2)<br />

Contestada essa relação de filiação – voltarei a esse ponto<br />

mais à frente, pois defendo que não há motivo para acreditar<br />

que o feminismo contemporâneo deva sua existência às teorizações<br />

pós-modernas –, faz-se ainda mais necessário o esforço de<br />

realizar uma reflexão sobre a natureza do “encontro” entre esses<br />

dois pensamentos, portanto: em segundo lugar, é preciso voltar à<br />

tematização sobre a “diferença” como um significativo ponto de<br />

contato entre ambos, já que o pensamento pós-moderno vai se<br />

constituir como um enfrentamento “do regular, constante e universal”,<br />

caracterizando-se, principalmente, pela valorização da<br />

diversidade ao invés da uniformidade. Stuart Hall vai dizer que a<br />

“modernidade tardia” realiza um “descentramento” do sujeito,<br />

grau de non sense das teorias e métodos pós-modernistas, provocando um amplo e acalorado<br />

debate acadêmico entre defensores e detratores do discurso pós-moderno (Ver a esse respeito<br />

o instigante artigo de Jorge Almeida publicado no número 36 de Teoria e debate, em 1997).<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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