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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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seu aparato de legitimação alimentado pela mitologia, que atribui<br />

a masculinidade e a paternidade a um Deus, modelo consagrado<br />

aos homens, enquanto às mulheres, que em nada se identificam<br />

com esse modelo, coube-lhes, apenas, o papel de servir a Deus<br />

e a seus representantes na terra − os homens. Assim, o “mito da<br />

criação” faz de Eva a companheira e, depois, a pecadora, que precisa<br />

redimir a sua culpa com as dores do parto, mas, sempre ocupando<br />

o papel ora de maldita ora de inferior. Em seguida, vem<br />

Maria, para transformar Eva em mãe e cujo sofrimento a redime<br />

do “pecado original” ao mesmo tempo em que substitui a imagem<br />

da mulher lasciva pela imagem da madona que permite que a sua<br />

sexualidade e reprodução sejam controladas pelo homem.<br />

Prescritos aí, estão os fundamentos do patriarcado e, com ele,<br />

a gênese da opressão das mulheres. O que está dito é que os homens<br />

detêm, naturalmente, o poder e que as mulheres, por sua<br />

fraqueza, incapacidade ou rebeldia o perderam e, naturalmente,<br />

não apresentam as condições necessárias para ocupar postos de<br />

governo ou cargos que exijam o manejo do poder. Ora, Eva não<br />

conseguiu controlar a sua sexualidade, os seus impulsos diante do<br />

fruto proibido, portanto, demonstrou fraqueza e, por isso, a sua<br />

descendência precisa ser controlada e vigiada sempre, não podendo,<br />

sequer, ficar a sós com outro homem que não seja aquele que a<br />

proteja de sua própria fragilidade, o seu guardião. 6 Por outro lado,<br />

esse homem honrado e forte que, segundo Deus, precisava de uma<br />

companheira, elevou Eva à condição de Maria e esta acolheu com<br />

obediência o cargo nobre e eterno, o de mãe. O governo do lar é<br />

seu, enquanto o governo do mundo externo e de suas instituições<br />

é do homem, este que sempre foi forte diante das adversidades.<br />

Instituiu-se, assim o modelo de família: “El hombre es cabeza de<br />

6 Segundo Palmero (2004, p. 37), a repressão da sexualidade nas mulheres e o seu controle é o<br />

verdadeiro cavalo de batalha do patriarcado.<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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