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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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“inclinação natural” da mulher e, portanto, única fonte de realização,<br />

o matrimônio, a maternidade e os afazeres domésticos. Nos<br />

anos de 1940 e 1950, o discurso moralizante das publicações encerra<br />

um caráter pedagógico, na medida em que ensina as leitoras<br />

a seguirem o “caminho certo”, o casamento, ao qual permanece<br />

confinado o exercício da sexualidade feminina com fins eminentemente<br />

procriativos.<br />

Conforme as revistas publicadas nas décadas de 1940 e 1950,<br />

o celibato era considerado uma ameaça que pairava sobre a vida<br />

das mulheres, principalmente sobre aquelas com mais de 25 anos,<br />

idade que anunciava o declínio das chances de casamento e, consequentemente,<br />

a probabilidade de uma vida futura desprovida<br />

de sentido, cuja tristeza e solidão seriam amenizadas pelo apego a<br />

um animal de estimação, o devotamento aos sobrinhos e afilhados<br />

ou a dedicação ao trabalho. O celibato, escolhido ou forçado, isto<br />

é, o não-casamento confirmaria o fracasso feminino, pois, arranjar<br />

um marido era a maior conquista de uma mulher.<br />

Acrescenta Bassanezi (1996) que, nas décadas de 1950 e 1960,<br />

a mulher com mais de 25 anos sem um pretendente a marido era<br />

rotulada como “encalhada”, “solteirona”, “aquela que ficou para<br />

titia”, o que a tornava alvo de zombaria das pessoas, além de causar<br />

embaraço aos familiares, pois era considerada “incompleta”,<br />

ou seja, não conseguira cumprir o destino natural de esposa-mãe,<br />

o que acarretava um sentimento de culpa e de inadequação.<br />

A partir da década de 1960, um novo cenário se revela para as<br />

mulheres das classes médias urbanas impelido por fatores diversos:<br />

a crescente inserção nas universidades e no mercado de trabalho;<br />

a ampliação de seu espaço político; o surgimento de novos<br />

métodos contraceptivos que favorecem a liberação sexual e eliminam<br />

o risco de uma gravidez indesejada; e a difusão da Psicanálise,<br />

provocando questionamentos acerca dos papéis tradicionais de<br />

esposa-mãe e impulsionando a busca de autonomia e realização<br />

Gênero, mulheres e feminismos 95

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