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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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dos nossos males vem exatamente da falta de cultura intelectual<br />

do sexo feminino”. (BARRETO, 1962, p. 87) Certamente que, dentre<br />

as manias do jurista pernambucano, a exemplo de muitos de<br />

seus colegas, não se encontrava a de dividir o poder político que<br />

detinha.<br />

As ideias defendidas tanto por Tobias Barreto como pelo doutor<br />

Malaquias não se restringiam à sociedade pernambucana; elas<br />

permeavam toda a sociedade brasileira, como bem demonstram<br />

Rohden (2001) e Martins (2004) ao analisarem a instituição da<br />

denominada “medicina da mulher” – a ginecologia e obstetrícia<br />

– no Brasil, bem como a visão que esta tinha da mulher. Poucos<br />

anos após a polêmica ocorrida na Assembléia Provincial de Pernambuco,<br />

Hahner (2003) registra a existência de um artigo que<br />

retoma as ideias misóginas apresentadas tanto pelo médico e deputado<br />

pernambucano como pelos autores do artigo “A mulher<br />

médica”, publicado pela Gazeta Médica da Bahia em 1868. E desta<br />

vez, sei o fator motivador para tal publicação na Gazeta Acadêmica,<br />

periódico certamente produzido por discentes dos cursos<br />

da Faculdade de Medicina da Bahia: 5 foi a chegada da gaúcha Rita<br />

Lobato ao curso de Medicina, transferida da instituição carioca.<br />

No debate que se instaurou nesse periódico, o grupo contrário à<br />

presença feminina utilizava “argumentos fisiológicos como o de<br />

que o pequeno tamanho do cérebro das mulheres impedia-as de<br />

reter a ‘intrincada jóia’ das verdades médicas”; e que elas deviam<br />

dedicar-se ao mundo doméstico e à família, enquanto “o outro<br />

lado do debate [...] argumentava que algumas mulheres podiam<br />

dominar temas científicos que homens de cérebros menores não<br />

5 Apesar de localizar vários periódicos produzidos pelos acadêmicos da Faculdade de Medicina da<br />

Bahia, a exemplo de O Acadêmico, Instituto Acadêmico, A Razão, O incentivo, Norte Acadêmico,<br />

não conseguimos localizar nos arquivos baianos exemplares da Gazeta Acadêmica. A própria<br />

June Hahner (2003, p. 173) declara ter tido acesso a cópias desse periódico em arquivo<br />

particular nos Estados Unidos da América.<br />

Gênero, mulheres e feminismos 175

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