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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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Essa representação de mulheres vai dar ênfase à aparência<br />

e vai focar (sem crítica) a difícil relação trabalho+casamento e a<br />

dupla jornada, nas comédias que seguem, a partir de 2005, e que<br />

podem ser tomadas como uma sequência da narrativa anterior,<br />

forjadas como medida exata para a vida das mulheres que, agora,<br />

se apresentam como altas executivas no mundo público, alternando<br />

esse papel com o de mulher−esposa−mãe, cuidadora de<br />

seus filhos, com as dificuldades de ser casada e enfrentar as solicitações<br />

de seu trabalho.<br />

É provável que o contexto histórico e cultural tenha ajudado<br />

nesse retorno de posições conservadoras na sociedade de origem<br />

dessas séries, com a consolidação de uma profusão de religiões<br />

fundamentalistas, dos recursos financeiros que passam a ter as<br />

mulheres profissionais (um teto todo seu?), com a ameaça advinda<br />

da destruição das “torres gêmeas”, a promessa da felicidade como<br />

uma sensação permanente de completude, a emergência de consumo<br />

da moda tanto para homens quanto para mulheres e a própria<br />

indústria do lazer e cultural. Por outro lado, deve-se levar em<br />

conta, também, a efetiva convergência do poder e a tecnologia da<br />

mídia, através da internet e dos telefones celulares, fatores que se<br />

tornam propícios para a entrada dessa sociedade mais voltada para<br />

a performance, para a apresentação pessoal e, portanto, menos reflexiva.<br />

A configuração das mulheres de Sex and the City se impõe<br />

e dá o tom do cotidiano nas práticas sociais: conversas sobre trivialidades<br />

e superficiais modelam essas mulheres e dirigem as reais.<br />

Talvez essa “virada”, a grande transformação do corpo (exigindo<br />

esforço, sacrifícios e academia), do vestuário (roupas ajustadas<br />

ao corpo, saltos altos e bolsas grandes para o trabalho), não<br />

tenha sido tão explícita e clara para a audiência do final do século,<br />

porque as comédias mesclaram temas discutidos nos anos noventa<br />

(as novas profissões relacionadas com a indústria cultural, resquícios<br />

da agenda feminista) com uma mulher menos reflexiva,<br />

Gênero, mulheres e feminismos 307

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