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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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vidades relacionadas ao espaço privado, destinado às mulheres,<br />

excluindo-as do direito à cidadania, como afirma Palmero:<br />

[...] el corte público/privado pretendió excluir a las mujeres no<br />

solo de su papel como sujetos de la historia, sino de las atribuciones<br />

de la ciudadanía y del reconocimiento de su dignidad<br />

personal como autonomía. (2004, p. 44)<br />

O espaço doméstico não se constituiu, apenas, como um espaço<br />

privado de toda a família, mas, também, como um espaço de<br />

confinamento das mulheres, de disciplinamento de seus corpos e<br />

de sua mente, para que formassem o seu caráter modelado pelas<br />

“boas” regras de conduta e de moral, com base em um modelo<br />

pré-estabelecido de feminino. Paradoxalmente, contrariando os<br />

valores burgueses que incluem a privacidade e a individualidade,<br />

neste mesmo espaço as mulheres não dispõem de um espaço privado<br />

nem de tempo próprio e, fora dele, sofrem o massacre da<br />

vigilância da opinião pública sobre os seus atos e sobre a sua imagem.<br />

(PALMERO, 2004, p. 51-2)<br />

No espaço privado/doméstico, o patriarcado agiu com maestria.<br />

Usou de força física para aprisionar as mulheres e para<br />

torná-las dóceis, mas, também, soube, estrategicamente, usar<br />

instrumentos mais sofisticados e poderosos como, por exemplo,<br />

a educação, que não modela apenas o comportamento, como<br />

também o ser, visto que o processo de socialização das meninas<br />

começa desde a mais tenra idade e, diferindo completamente da<br />

educação dos meninos, 10 não trabalha a individualidade, mas a<br />

sua domesticação. Não se trata de uma educação formal, com base<br />

em conhecimentos universais, mas de um processo de disciplinamento<br />

específico, de caráter ideológico, no sentido de construir<br />

10 Simone de Beauvoir analisa e descreve o processo de socialização das meninas em comparação<br />

com o dos meninos, constatando o engenhoso trabalho de construção cultural do feminino,<br />

deflagrado na célebre frase que abre a sua mais importante obra O segundo sexo: “Não se nasce<br />

mulher, torna-se mulher”. (BEAUVOIR, 1980)<br />

Gênero, mulheres e feminismos 125

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