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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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tórias além do posicionamento da Igreja representado pelo Arcebispo.<br />

Ainda que se ouvissem algumas poucas vozes em apoio ao<br />

Arcebispo e a insistência não unívoca do Vaticano em referendar<br />

sua atitude, de todas as direções, as manifestações afirmavam o<br />

direito da garota ao aborto, vendo como equívoco querer impor<br />

a uma menina de nove anos uma gravidez fruto de violência. Defenderam,<br />

assim, a equipe médica que realizou os procedimentos<br />

de interrupção. Essas manifestações se posicionavam sobre a<br />

importância de separar da religião a ação do Estado e a efetivação<br />

de políticas públicas, já que as igrejas resistem a essa separação,<br />

atuando, permanentemente, para influenciar a forma como leis e<br />

políticas se efetivam.<br />

É impossível fazer uma avaliação de tudo o que se falou e debateu<br />

a respeito. Assim, trazemos aqui apenas duas citações restritas<br />

a manifestações feitas desde o Estado de Pernambuco, onde<br />

ocorreram os fatos. Vejamos, por exemplo, trecho de um artigo<br />

publicado por um professor universitário:<br />

A partir da inserção de novos sujeitos nos processos sociais de<br />

hegemonização, como a mídia e outros membros do campo religioso<br />

− os evangélicos, os espíritas etc. – Estado e Igreja Católica<br />

têm sofrido certo rearranjo conjuntural. As derrotas simbólicas,<br />

no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, nos debates<br />

acerca das pesquisas com células-tronco, por exemplo,<br />

demonstram a vivência de uma nova trama nas atuais relações<br />

de poder. Importantes setores das classes dominantes exprimem<br />

publicamente discordâncias à Igreja. Esta passa, de modo cada<br />

vez mais direto, a tomar o Estado − antes seu incondicional aliado<br />

− como objeto de lutas. As posturas estatais diante do aborto,<br />

das distribuições e usos de preservativos e anticoncepcionais, da<br />

união entre pessoas do mesmo sexo, isso para citar somente algumas<br />

temáticas, são disputadas a ferro e fogo pelo clero.<br />

Por certo, mais do que o pecado de uma menina de nove anos<br />

vítima de um estupro, o arcebispo de Olinda e Recife contesta<br />

uma posição estatal. Dom José Cardoso Sobrinho vem por em<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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