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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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tência pelo exercício da função deste. Contra esses argumentos,<br />

Tobias Barreto afirmou que se a mulher não era emancipada intelectualmente<br />

era porque a sua educação não o permitia e, para<br />

combater a definição de exceção que o médico atribuíra às mulheres<br />

que se emanciparam intelectualmente em outros países, ele vai<br />

fazer um verdadeiro resumo histórico, desde a Grécia Antiga até o<br />

século XVIII, sobre a participação das mulheres nas ciências.<br />

Assim, para Tobias Barreto, a emancipação da mulher era uma<br />

das questões contemporâneas mais importantes e não algo “extravagante”<br />

que, no entanto, possuía três faces: a política, a civil<br />

e a social. Às duas primeiras faces são dedicadas poucas palavras,<br />

apesar dos protestos de alguns deputados, porque era no aspecto<br />

social que estava “compreendida a emancipação cientifica e literária<br />

da mulher, emancipação que consiste em abrir ao seu espírito<br />

os mesmos caminhos que se abrem ao espírito do homem;<br />

e a este lado é que se prende o nosso assunto” (BARRETO, 1962,<br />

p. 76), palavras com as quais o jurista consegue se livrar de explicar<br />

porque não era favorável à emancipação política das mulheres:<br />

Quanto ao primeiro, a emancipação política da mulher, confesso<br />

que ainda não a julgo precisa, eu não a quero por ora. Sou<br />

relativista: atendo muito às condições de tempo e de lugar. Não<br />

havemos mister, ao mesmo no nosso estado atual, de fazer deputadas<br />

ou presidentas de província.<br />

Um Sr. Deputado – V. Exca. É oportunista.<br />

O Sr. Tobias – Pelo que toca, porém, ao ponto de vista civil, não há<br />

dúvida que se faz necessário emancipar a mulher do jugo de velhos<br />

prejuízos, legalmente consagrados. (BARRETO, 1962, p. 75)<br />

No trecho citado acima, nota-se que ele ignora o insulto de um<br />

deputado, ao mesmo tempo em que deixar entrever que não está<br />

sendo “decrépito” e nem “anacrônico”, como adjetivou o médico,<br />

e, muito menos, cometendo o “crime de lesa-civilização”,<br />

Gênero, mulheres e feminismos 173

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