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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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como o trabalho precário ou o desemprego aberto, nas quais se<br />

aprofundam as experiências da pobreza. Em tais casos, os recursos<br />

somados da família se tornam cruciais, como observa Mike Davis<br />

(2006, p. 175), “em todo o 3º Mundo, os choques econômicos<br />

obrigaram os indivíduos a se reagruparem em volta dos recursos<br />

somados da família, e da capacidade e engenhosidade desesperada<br />

das mulheres”. Por outro lado, Ladislaw Dowbor (2003,<br />

p. 23) também observa que “a família deixa de representar rede de<br />

apoio, implicando em maior perda para as populações pobres”.<br />

As duas observações aparentemente contrastantes chamam<br />

a atenção para um aspecto aqui considerado, ainda que de modo<br />

geral, e que se refere ao papel agregador exercido pela família –<br />

e paralelamente pela comunidade/vizinhança. Tratando-se de<br />

um fenômeno observado ao longo da história, sua modificação se<br />

manifesta na atualidade como uma perda, um ponto de inflexão<br />

das instituições integradoras, o que nos remete às transformações<br />

das próprias estruturas familiares e das relações de gênero. Cabe<br />

esclarecer que o destaque acima atribuído ao papel agregador da<br />

família, encontra expressão em diferentes níveis da vida social,<br />

o que explicaria a sua importante mediação na reprodução da<br />

força de trabalho e da própria sociedade. Nesse sentido, as transformações<br />

do mundo do trabalho afetam a esfera da família e da<br />

reprodução, a ponto de estudos anteriores demonstrarem que os<br />

sistemas de benefícios sociais que foram desenvolvidos na Europa<br />

e, posteriormente, suprimidos nas últimas décadas, em função<br />

das crises econômicas e da desestabilização do emprego e dos benefícios<br />

concedidos à classe trabalhadora, implicaram em redução<br />

dos salários, das aposentadorias e do número de pessoas cobertas<br />

por seguro social. Isso contribuiu para modificar as possibilidades<br />

de a família cumprir, com a eficiência que o fazia anteriormente,<br />

um papel de “amortecedora” nas conjunturas de crise e ajustamentos<br />

econômicos. (LAUTIER, 1992 apud MONTALI, 2004)<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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