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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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com a tradição antropológica de questionamento das categorias<br />

analíticas de relativização e de valorização dos saberes locais, do<br />

ponto de vista do nativo e dos conceitos de experiência próxima<br />

(GEERTZ, 1998)? Não estariam ambas condenadas ao desaparecimento,<br />

a partir desta combinação? Como conciliar a emancipação<br />

feminista das mulheres com o questionamento tipicamente antropológico<br />

do próprio conceito de emancipação?<br />

Campo ainda instável na tradição antropológica brasileira, a<br />

ausência do adjetivo feminista – talvez subsumido pela locução de<br />

gênero – é notável frente à existência de muitas antropólogas que<br />

se identificam como feministas, o que talvez esteja relacionado<br />

com as particularidades da relação estabelecida entre academia e<br />

militância, no Brasil, em especial no campo feminista. Maria Luiza<br />

Heilborn, em um levantamento crítico sobre a Antropologia da<br />

Mulher no Brasil, identifica uma mudança no nome dos grupos de<br />

trabalho, que passou a ocorrer nas Reuniões da Associação Brasileira<br />

de Antropologia (ABA) em 1980, de Antropologia da Mulher<br />

para Representação e Gênero, em 1988, e Relações de Gênero, em<br />

1990. Segundo a autora, tal mudança, além de representar uma<br />

virada conceitual, se deve:<br />

[a um] desejo de driblar uma classificação tida como um ‘objeto<br />

menor’ dentro do campo da Antropologia. Estamos [pesquisadoras/es<br />

da área] sem dúvida inseridas/os em um conjunto<br />

maior de relações de força e legitimidade que configuram um<br />

campo intelectual. (HEILBORN, 1992, p. 95)<br />

As relações de força e legitimidade às quais se refere a antropóloga<br />

podem ser melhor compreendidas na formulação de Maria<br />

Filomena Gregori, sobre a situação de liminaridade em que se<br />

viam as antropólogas feministas face à dupla resistência de que<br />

eram alvo. Por um lado, essa resistência vinha do próprio movimento<br />

feminista, que via com desconfiança a produção acadêmica,<br />

e, por outro, da própria academia<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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