02.09.2015 Views

GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

alinne-bonneti-e-c3a2ngela-maria-freire-de-lima-e-souza-org-gc3aanero-mulheres-e-feminismos

alinne-bonneti-e-c3a2ngela-maria-freire-de-lima-e-souza-org-gc3aanero-mulheres-e-feminismos

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

de ruptura paradigmática que a entrevistada Bell se envolveu com<br />

o feminismo.<br />

O processo de implementação do PAISM enquanto política<br />

oficial do Governo Federal demandou sua incorporação em disciplinas<br />

no interior dos cursos. Do mesmo modo, foi necessária<br />

a formação de profissionais na área da saúde da mulher nas universidades<br />

e a qualificação dos profissionais nos serviços públicos<br />

de saúde. Para o atendimento da ruptura paradigmática reclamada<br />

pelo Programa, cursos de capacitação foram oferecidos tanto<br />

para professores universitários quanto para os profissionais dos<br />

serviços de saúde e, de modo particular, para as enfermeiras, por<br />

desenvolverem a maior parte das ações dirigidas às mulheres que<br />

objetivavam a assimilação dos princípios do Programa, como,<br />

também, a superação das assimetrias de poder entre usuárias e<br />

serviços de saúde.<br />

No caso de Christine, a aproximação com o feminismo se deu<br />

de forma bastante diferenciada, pois, embora também fosse estudante<br />

universitária, era militante política de um partido de ideologia<br />

comunista.<br />

— Se deu na cadeia, quando eu fui torturada e torturaram a<br />

minha filha, na minha frente, para que eu falasse, e não<br />

torturaram minha filha na frente do pai dela. Não que eu<br />

quisesse que ele sofresse a mesma dor que eu sofri, mas<br />

comecei a me perguntar por que, e aí eu tive a resposta:<br />

que eu era mulher, mãe, e na compreensão patriarcal dos<br />

torturadores, e aí, machista, eles pensaram que torturar<br />

na minha frente, o simbólico da maternidade faria eu me<br />

fragilizar.<br />

Ela relata, ainda, que foi na solidão da prisão, a partir de suas<br />

próprias reflexões, que chegou à conclusão de que o machismo e<br />

a força do patriarcado alicerçavam as condutas violentas às quais<br />

Gênero, mulheres e feminismos 275

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!