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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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mens e mulheres e, consequentemente, muito menos o abandono<br />

das funções de mãe e esposa. Ao contrário, para os partidários<br />

da emancipação intelectual, essa iria colaborar para o desenvolvimento<br />

civilizatório do país, uma vez que as responsáveis pela<br />

formação dos “homens de bem” que definiam o futuro da nação,<br />

estariam bem mais preparadas para essa nobre função. (MARTINS,<br />

2004, p. 218-37)<br />

Esse foi um argumento que continuou em vigor até meados<br />

da primeira metade do século XX, tendo sido, inclusive, utilizado<br />

pelas feministas baianas nas suas estratégias de expansão (artigos,<br />

por exemplo) do número de mulheres com nível superior na<br />

Bahia. Ao fazermos o link entre essa fala do jurista pernambucano<br />

e o contexto nacional da luta pela emancipação das mulheres,<br />

podemos pensar que ele era um seu incondicional defensor, em<br />

todos os sentidos, uma percepção que se esvai ao analisarmos de<br />

que maneira ele combate o terceiro argumento apresentado pelo<br />

deputado Malaquias.<br />

Pela transcrição da fala de Tobias Barreto, inferimos que o<br />

doutor Malaquias, ao ser questionado − o que pode ter acontecido<br />

nas sessões anteriores −, acerca da omissão do fato da emancipação<br />

feminina que acontecia em outros países, tenha afirmado<br />

que se tratavam de extravagâncias da natureza, pois, segundo as<br />

palavras do jurista: “a mulher nasceu para ter filhos [...] que ela<br />

não tem cabeça, que é fraca do juízo!... Eis aí! Eu não sei, Sr. Presidente,<br />

como o nobre deputado, antagonista do projeto, espírito<br />

emancipado, pode chegar, sob este ponto de vista”. (BARRETO,<br />

1962, p. 78)<br />

Parece que a Teoria do Útero também fez parte do embasamento<br />

científico do médico pernambucano, pois, ao afirmar que,<br />

além desses fatores, a mulher tinha sensibilidade, em vez de razão<br />

– necessária para o trabalho científico –, nota-se nas entrelinhas<br />

a ideia de que a mulher era governada pelo seu útero e a sua exis-<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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