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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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A consolidação: as herdeiras do backlash 10<br />

Da ‘falta de homens’ à ‘epidemia de infertilidade’,<br />

do ‘estresse feminino’ à ‘prejudicial dupla jornada de<br />

trabalho’, estas pretensas crises femininas tiveram sua<br />

origem não nas condições reais da vida das mulheres<br />

mas sim num sistema fechado que começa e termina na<br />

mídia, na cultura popular e na publicidade – um contínuo<br />

feedback que perpetua e exagera a sua própria imagem<br />

fictícia da feminilidade. (FALUDI, 2001, p. 14, grifo nosso)<br />

Talvez seja possível datar o momento em que esse discurso<br />

passou a ser dominante abafando todos os discursos alternativos<br />

sobre as representações das mulheres. Podemos, mais ou menos,<br />

encontrá-lo, na entrada do século XXI, pois, embora Susan Faludi<br />

já o tivesse detectado na mídia norte-americana nos finais dos<br />

anos 80, no Brasil, ele aparece, sutilmente, nas novelas, em meados<br />

dos anos noventa. Em 2000, a TV paga inaugura vários canais<br />

para mulheres e, dentro dessa tendência, a GNT (da Rede Globo)<br />

se converte em um canal para mulheres, deslocando-se do seu<br />

rumo inicial em que não havia separação de gênero.<br />

Mas a divulgação e a disseminação dessas representações pela<br />

mídia televisiva, através de seus diversos canais, vêm mesmo a se<br />

consolidar a partir do ano de 2002, com a veiculação, para fora da<br />

HBO, de Sex and the City – Light, epíteto acrescentado por terem<br />

sido cortadas todas as cenas de sexo explícito que havia na série<br />

original, tornando-a mais palatável e muito próxima do discurso<br />

e publicaram seus livros perto dos 38 anos. Elas demonstram a divisão entre os dois paradigmas<br />

introjetados para a vida das mulheres e seus papéis na sociedade burguesa.<br />

10 O programa Happy Hour (GNT), de 30 de agosto de 2010, tratou dessa nova representação de<br />

mulher e de como ela, perto dos trinta anos, tem urgência em se realizar profissionalmente e<br />

está em busca da estabilidade do casamento. Embora as opiniões apresentem divergências,<br />

a posição dominante segue o “modelo” Bridget Jones e Sex and the City, entre outros,<br />

considerado como a postura pós-moderna, pós-feminista que demonstra a efetiva<br />

despolitização das mulheres, que vão adotando um discurso dominante e competente<br />

ideologicamente que as traz de volta “ao lar”, “solucionando”, pois, a dupla jornada e muito<br />

longe das reivindicações feministas dos anos 70/80 no país.<br />

Gênero, mulheres e feminismos 305

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