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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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obter o produto final. Para realizar a produção, as fábricas dependiam<br />

de cada charuteira, do seu talento e da habilidade de suas<br />

mãos que, com arte e ciência fazia e refazia os detalhes, buscando<br />

a perfeição, em cada segundo, para, então, surgir o charuto, como<br />

uma peça de arte, das mãos da artista, pois, enquanto confeccionavam<br />

os charutos e cigarrilhas, as mãos das charuteiras sobre a<br />

matéria-prima formavam uma simbiose a galgar a perfeição estética<br />

e o bom paladar deste produto que alimentava o gosto e a<br />

preferência dos seus adeptos.<br />

A qualidade do fumo e da mão de obra determinava o resultado<br />

final da produção, ou seja, sua qualidade e quantidade. (SILVA,<br />

2001) Preparar os fumos e confeccionar os charutos constituía o<br />

campo de saber das fumageiras que, ao estabelecer relações com<br />

outros campos de saber existentes no espaço fabril, determinavam<br />

uma prática social de poder específica. Apesar da fiscalização<br />

e da disciplina impostas pelos fabricantes que resultavam, diretamente,<br />

no controle dos corpos das fumageiras, elas detinham<br />

todo o saber da preparação dos fumos e da confecção dos charutos,<br />

acumulando, portanto, uma gama de poder e de controle,<br />

também, sobre a produção.<br />

Embora a indústria fumageira, naquele momento, já tivesse<br />

introduzido a separação entre trabalho manual e trabalho intelectual<br />

no processo de industrialização do fumo, grande parte do<br />

saber sobre as tarefas específicas de tratamento dos fumos e da<br />

fabricação de charutos e cigarrilhas ainda era dominada pelos(as)<br />

trabalhadores(as). É neste sentido que se concorda com Foucault<br />

(1979), quando ele afirma que “o saber acarreta efeitos de poder”,<br />

pois o saber das mulheres fumageiras representava uma força poderosa<br />

temida pelos empresários, o que permitia a constituição de<br />

novas relações no campo do poder no universo fabril regional.<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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