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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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Outras demandas, como a alternância de sexo nas listas preordenadas<br />

e o financiamento público de campanha sequer foram contemplados.<br />

Nem mesmo uma legislação mais firme que, de fato,<br />

garantisse a aplicabilidade da Lei de Cotas foi aprovada. (COSTA,<br />

2008c)<br />

Essa dificuldade enfrentada pela bancada feminina para negociar<br />

e aprovar parte das suas iniciativas reflete exatamente o<br />

significado da força política das mulheres no Congresso Nacional<br />

brasileiro, em que não chegam a representar 10% do total dos<br />

parlamentares que constituem as duas Câmaras. A ausência das<br />

mulheres nas mesas de negociações, a dificuldade de atuarem<br />

como um bloco de gênero, submersas como vivem em um mar<br />

de interesses partidários e patriarcais, torna difícil imaginá-las<br />

conseguindo conduzir processos de mudanças ou, mesmo, de<br />

reformas.<br />

Na verdade, vive-se um paradoxo entre a força política de<br />

mobilização do movimento feminista de mulheres no Brasil e sua<br />

representação, de fato, nas instâncias de deliberação e implementação<br />

de políticas. A ausência feminina das estruturas de poder no<br />

país reflete, também, em sua possibilidade de intervenção, em sua<br />

capacidade de transformação democrática, em sua dificuldade<br />

de se constituir enquanto sujeito político demandante. (COSTA,<br />

2008c) Aliás, esse é um quadro que se repete em vários países da<br />

América Latina, como já vimos aqui.<br />

As cotas como um caminho para a paridade<br />

Uma análise mais superficial dos resultados das políticas de<br />

cotas na América Latina pode levar à falsa visão de que essa experiência<br />

não tem sido capaz de alterar significativamente o grau<br />

de participação feminina nas estruturas de poder, na medida em<br />

que, exceto na Argentina e Costa Rica, os índices de presença<br />

212<br />

Gênero, mulheres e feminismos

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