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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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lhadores informais e precários, residentes em bairros nos quais os<br />

difusos limites entre a casa e a rua se tornam mais evidentes. Neste<br />

texto, buscamos trazer alguma contribuição a um debate relativo<br />

ao mundo da periferia, revisando alguns argumentos de autores<br />

que nele comparecem de modo convincente e trazendo algumas<br />

situações relativas aos contextos de moradia na periferia da cidade<br />

de Salvador, Bahia, Brasil.<br />

Reciprocidade e solidariedade familiar<br />

Residir nas periferias, aqui consideradas como os espaços urbanos<br />

ocupados pelas populações de baixa renda, implica em ser<br />

submetido a intensos processos de desestabilização e deterioração<br />

das condições de vida, ao tempo em que se é duplamente desafiado:<br />

primeiramente, a reinventar continuamente os modos de<br />

mobilização de recursos (as trocas, a solidariedade, a inserção na<br />

vida comunitária) os quais se tornam cada vez mais urgentes para<br />

assegurar a sobrevivência e a reprodução das famílias nos bairros<br />

populares ou periferias e, segundo, a garantir a inserção no mercado<br />

de trabalho. Sobre isso, cabe considerar que,<br />

[...] nem todas as pessoas que não dispõem da propriedade de<br />

meios de produção se apresentam, realmente, como ofertantes<br />

no mercado de trabalho (como é o caso das crianças, dos deficientes,<br />

ou dos muito idosos). Os nichos, espaços livres, e ‘áreas<br />

de escape’ onde – inicialmente na comunidade familiar – se<br />

reproduzem os despossuídos que não são trabalhadores assalariados,<br />

fundamentam-se socialmente em normas culturais e<br />

políticas que fixam, do modo mais ou menos duradouro, quais<br />

pessoas, e em que situações de vida, não precisam ou não podem<br />

oferecer sua força de trabalho no mercado. (OFFE; HENRICHS,<br />

1989, p. 57)<br />

Essa função da comunidade familiar – de reprodução dos despossuídos<br />

e de não trabalhadores – se propaga às outras situações,<br />

Gênero, mulheres e feminismos 143

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