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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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coletânea das colunas escritas para um jornal de Nova York por<br />

Candice Bushnell, que, reescrito para a televisão por Darren Star<br />

− portanto, um olhar masculino −, e supervisionado pela autora,<br />

teve seu roteiro modificado, embora tenha guardado a ironia do<br />

texto escrito.<br />

O livro foi consumido na primeira temporada e, ao longo das<br />

quatro temporadas seguintes, a visão de mundo da jornalista, que<br />

dera ao texto um tom entre crítico e irônico, foi sendo modificada<br />

pelo olhar masculino de seu criador, tendo a postura crítica cada<br />

vez mais se deslocado para uma expressão afirmativa, tornando<br />

as quatro diferentes mulheres modelos de conduta e de aparência<br />

para as mulheres reais. Vale destacar o olhar da escritora que, em<br />

2001, na “Apresentação” da segunda edição aumentada de seu livro<br />

coloca:<br />

Mas, acima de qualquer outra pergunta, Sex and the City busca<br />

responder a uma pergunta crucial: por que ainda estamos solteiras?<br />

Ora, depois da experiência que adquiri nesse campo, posso<br />

afirmar que estamos solteiras porque queremos. (BUSHNELL,<br />

2008, p. 8)<br />

Na versão televisiva, essa afirmativa e a intenção das crônicas<br />

da autora foram sendo totalmente desfiguradas e “domesticadas”,<br />

a cada temporada, dando a impressão de que essas mulheres independentes<br />

estavam, apenas à procura de parceiros para a formação<br />

de uma família. E para confirmar que sua ideia era mais uma observação<br />

crítica do que um compêndio de conduta, na segunda edição,<br />

Bushnell informa ter acrescentado mais dois capítulos sobre o<br />

fim do relacionamento de Carrie e Mr. Big, pois ele é “um homem<br />

que não existe na vida real”, e, desmantelando toda a possibilidade<br />

de uma narrativa romantizada que os leitores pudessem ter criado,<br />

acrescenta: “[...] se os leitores ficarem atentos, irão descobrir que<br />

até o próprio Mr. Big afirma que ele é uma fantasia na imaginação<br />

de Carrie, e que não se pode amar uma fantasia”, mostrando que<br />

302<br />

Gênero, mulheres e feminismos

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