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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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entre distintos eixos produtores de diferenças e de desigualdades,<br />

tais como idade, gênero, raça, classe e nacionalidade, que se interseccionam.<br />

Reflete-se, portanto, sobre como essas combinações<br />

produzem mais diferenças que, por sua vez, produzem desigualdades,<br />

e de que forma tais mecanismos devem aparecer na representação<br />

produzida sobre o/a Outro(a) na escrita. Em vista disso,<br />

põem-se como implicações dessas transformações metodológicas<br />

na Antropologia Feminista a busca pela manutenção de uma postura<br />

crítica sobre o trabalho de campo, o questionamento dos cânones,<br />

a transformação das noções convencionais sobre pesquisa<br />

qualitativa através da imaginação e a luta por projetos e coalizões<br />

politicamente significativos. (PANAGAKOS, 2004)<br />

Assim, o método etnográfico se revela como a marca distintiva<br />

da Antropologia Feminista dentro do campo da teoria feminista.<br />

A preocupação com as relações de poder e com as estruturas de<br />

desigualdade que marcam a Antropologia Feminista estão presentes<br />

também na postura crítica com que a etnografia é encarada. 6<br />

A antropologia feminista e o seu objeto<br />

A partir desse revisionismo crítico, podemos nos aproximar<br />

do que seria o objeto da Antropologia Feminista, elemento crucial<br />

para a delimitação das fronteiras do campo. Em artigo provocativo,<br />

Sarah Ono (2003) afirma que o desafio contemporâneo para<br />

a Antropologia Feminista é a possibilidade de se constituir prescindindo<br />

das mulheres como seu objeto. Mas qual seria, então?<br />

6 Cabe ressaltar que as preocupações acerca das relações de poder em campo, assim como<br />

sobre o potencial imperialismo teórico da Antropologia, o não reconhecimento de outras<br />

tradições antropológicas que não as euro-americanas e a autoridade do antropólogo enquanto<br />

aquele que escreve sobre outras culturas foram questões centrais da autocrítica chamada<br />

pós-moderna por que passou a disciplina, ao longo da década de 80. (CLIFFORD; MARCUS,<br />

1986; MOORE, 1996; MARCUS; FISCHER, 1986) No entanto, a crítica feminista a essa produção<br />

aponta para o silêncio em relação às mulheres e ao seu lugar secundário nas etnografias. (BELL;<br />

CAPLAN; KARIM, 1993) Assim, parece haver um interessante avanço da crítica feminista em<br />

relação à crítica pós-moderna direcionada à Antropologia.<br />

60<br />

Gênero, mulheres e feminismos

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