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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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discursiva dos textos políticos que, em sua maior parte, são ditos<br />

por homens, habitantes hegemônicos daquele território fílmico e,<br />

não por acaso, da política no Brasil dos anos 60. Assim, no filme,<br />

elege-se a fala (o discurso verbal) como fundamental instrumento<br />

de trabalho da realização política, uma reprodução da tradicional<br />

relação dos discursos com a matriz cultural então predominante<br />

no país naquela época, – que privilegiava o caráter ornamental e<br />

“retórico” da cultura, utilizado para legitimar e por em destaque<br />

os atores sociais –, como também pelo estágio cultural brasileiro,<br />

marcadamente literário, devido à frágil presença de uma cultura<br />

audiovisual mais desenvolvida.<br />

Há de se levar em conta os circuitos culturais dominantes no<br />

Brasil da época, do início dos anos 60, quando ainda predominava<br />

uma cultura de forte viés literário marcada pela presença do texto<br />

escrito. Por contraposição a essa cultura hegemônica, os excluídos,<br />

apartados da cultura dominante, permaneciam na tradição<br />

oral. A presença de uma cultura audiovisual, traduzida na existência<br />

dos novos meios sociotecnológicos de comunicação e na<br />

produção cultural midiática, ainda era tênue, apesar da existência<br />

do cinema, já dominado pelas empresas hollywoodianas, e da televisão,<br />

chegada na década anterior, mas ainda fortemente elitista<br />

até meados dos 60.<br />

Observe-se, também, que só nos anos posteriores ao golpe<br />

militar começa a se configurar no país uma mudança cultural profunda<br />

com a emergência e a consolidação da lógica da indústria<br />

cultural sob a hegemonia da mídia televisiva. No pós-1968, a cultura<br />

audiovisual se desenvolve, redefinindo o panorama cultural<br />

brasileiro que passa a ser, simultaneamente, cada vez mais marcado,<br />

de um lado, pela repressão às atividades intelectuais e de<br />

outro pela intensificação da implantação da cultura midiatizada<br />

entre nós. (RUBIM; RUBIM, 2004)<br />

322<br />

Gênero, mulheres e feminismos

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