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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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história que oferecem as condições para analisar a constituição da<br />

opressão das mulheres fumageiras no contexto das relações sociais<br />

da região que, naquele espaço e naquele momento, se configuravam<br />

como patriarcais. É preciso perceber, além das origens, a<br />

continuidade do patriarcado e a sua dinâmica nas relações sociais;<br />

compreender como ele se manteve através do tempo, quais foram<br />

as formas em que ele se travestiu em determinados espaços,<br />

através dos discursos que perpassavam os valores e as instituições,<br />

para manter a dominação dos homens sobre as mulheres.<br />

Na região fumageira do Recôncavo Baiano, desde os primórdios,<br />

é possível identificar as marcas e os instrumentos que denunciam<br />

uma história de opressão das mulheres, bem como de<br />

suas lutas, organizadas ou não, contra o seu opressor. A família era<br />

o reduto de produção e reprodução da dominação das mulheres,<br />

contudo, foi nos estabelecimentos de trabalho que a dominação se<br />

expressou de forma organizada e pública, que as relações sociais<br />

patriarcais demarcaram os espaços físicos e sociais e as relações<br />

de trabalho. 3<br />

Mesmo tratando-se de mulheres que chefiavam suas famílias,<br />

tanto no que se refere ao aspecto econômico e administrativo da<br />

casa, quanto na educação e cuidado dos filhos e agregados, elas<br />

viviam sob os parâmetros de uma sociedade com características<br />

das relações sociais patriarcais, tomando como referência a definição<br />

explícita no questionamento de Drude Dahlerup:<br />

3 A família como expressão de dominação capitalista e patriarcal é citada várias vezes, em<br />

diálogo com diversas autoras, por Ana Alice Costa que afirma que a família é a “instituição que<br />

instrumentaliza e mantém a opressão da mulher em toda a história dessa sociedade, já que a<br />

família evoluiu e se adaptou de forma mais eficiente que as outras instituições aos interesses<br />

da classe dominante” (1998, p. 21). Não se trata aqui de examinar o modelo de família existente<br />

no Recôncavo canavieiro ou aquele da Casa Grande discutido por Gilberto Freire, tampouco, as<br />

relações sociais patriarcais reproduzidas naquele contexto, embora considerando que a sua<br />

influência ultrapassou tempos, espaços e classes sociais.<br />

Gênero, mulheres e feminismos 117

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