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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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nova roupagem. 8 Enquanto os ideais ilustrados triunfaram para os<br />

homens, as mulheres foram relegadas à menoridade (PALMERO,<br />

2004, p. 47), criando a sua necessidade, segundo essa ideologia,<br />

de proteção, devendo ser mantidas no lar para o bem da família –<br />

traduza-se, para o bem dos homens – e da sociedade.<br />

Assim, foi conclamado por todos e todas, principalmente pelas<br />

feministas, que as mulheres ficaram de fora dessa nova ordem<br />

política e moral da sociedade moderna; porém, é preciso ressaltar<br />

que elas foram excluídas do que se convencionou como “direitos<br />

universais”, que incluía a sua cidadania, mas que, no projeto<br />

mais amplo da modernidade, significou a sua inclusão no plano de<br />

sustentação e garantia dos direitos e liberdades masculinas, como<br />

também no plano econômico, pois coube às mulheres todo o empreendimento<br />

doméstico e familiar sem qualquer remuneração,<br />

pois, ao contrário, este foi ideologicamente instituído como uma<br />

tarefa eminentemente feminina.<br />

As mulheres apenas ocupavam a categoria de “cidadãs de segunda<br />

classe”, pois estavam submetidas ao “pacto de sujeição”,<br />

firmado pelo matrimônio, 9 que restringia sua atuação ao espaço<br />

doméstico, onde a lei não entrava para protegê-las nem física nem<br />

moralmente, sendo consideradas como seres sem dignidade e sem<br />

cidadania. Essa divisão dos lugares e das funções entre as duas metades<br />

da humanidade instituiu severamente o discurso da ruptura<br />

entre público e privado, supervalorizando as atividades relativas<br />

ao espaço público, portanto, masculinas, e desvalorizando as ati-<br />

8 Neste momento, Rousseau sistematiza e codifica as bases do patriarcado moderno, a partir do<br />

seu projeto de educação distinto para homens e mulheres, de um lado representado por Emílio,<br />

que se ocupa de tarefas que lhe dão autonomia e autorrealização, e de outro, por Sofia, que<br />

representa o modelo da mulher burguesa, pura, dedicada ao lar e submissa.<br />

9 Além da mitologia, que traz as justificativas para a submissão das mulheres em relação aos<br />

homens, o matrimônio, historicamente representa um pacto de sujeição de cada mulher a seu<br />

marido, selado publicamente desde o direito romano e sem modificação até o início do século<br />

XIX, quando esta “no puede contratar ni obligarse con terceros sin autorización de su marido;<br />

aunque este en régimen de separación de bienes, es legalmente incapaz de dar, enajenar,<br />

hipotecar o adquirir”. (PETIT, 1994, p. 54)<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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