02.09.2015 Views

GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

alinne-bonneti-e-c3a2ngela-maria-freire-de-lima-e-souza-org-gc3aanero-mulheres-e-feminismos

alinne-bonneti-e-c3a2ngela-maria-freire-de-lima-e-souza-org-gc3aanero-mulheres-e-feminismos

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

é a unidade realmente necessária para uma ação politicamente<br />

consequente do feminismo, nesse contexto? A partir das reflexões<br />

de Butler, Scott e Mouffe, responderá Mariano (2005) que não, que<br />

é possível pensar em “coalizões” (Butler) ou “múltiplas formas de<br />

unidade e de ação comum como resultado da criação de pontos<br />

nodais” (Mouffe). Assim, Mariano não descarta a possibilidade da<br />

construção de processos de identificação contingentes em torno<br />

da categoria mulher, sem significar “que o componente de gênero<br />

seja determinante em relação aos outros” (SCOTT, 1990 apud<br />

MARIANO, 2005, p. 498), e afirma, ainda, que, paradoxalmente,<br />

a ausência de unidade,<br />

ao contrário de fragilizar a prática política feminista, a crítica<br />

ao essencialismo e a defesa da diferença podem contribuir para<br />

o seu revigoramento. [...] [Pois,] negar a essência da identidade<br />

não implica negar a existência de sujeitos políticos e de prática<br />

política, mas sim redefinir sua constituição. (MARIANO, 2005,<br />

p. 496-7)<br />

Vale, portanto, enfatizar que a crítica aos processos de essencialização<br />

da identidade não precisa ser lida, literalmente, como<br />

a impossibilidade absoluta de trabalhar com qualquer noção de<br />

identidade. Nessa direção, vai lembrar ainda essa autora, citando<br />

Mouffe, que<br />

[...] o aspecto da articulação é decisivo. Negar a existência de um<br />

vínculo a priori, necessário, entre as posições do sujeito, não<br />

quer dizer que não existam constantes esforços para estabelecer<br />

entre elas vínculos históricos, contingentes e variáveis. (1999,<br />

p. 33 apud MARIANO, 2005, p. 498)<br />

Essa possibilidade de diálogo na diferença não faz desaparecer<br />

os dilemas do feminismo, pois implica constantes negociações de<br />

múltiplas identidades coexistindo e se articulando em contextos<br />

específicos, o que não significa a ideia de “pluralismo extremo”<br />

criticada por Mouffe, por defender que há “limites à celebração<br />

48<br />

Gênero, mulheres e feminismos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!