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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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Bischoff, o que determinava a incapacidade intelectual feminina<br />

era o tamanho do cérebro.<br />

[...] Não admito essa mecânica cerebral, essa proporção entre a<br />

massa do cérebro e o grau de inteligência. Acho-a incompreensível<br />

e acho-a assim porque não vejo razão alguma de força, que<br />

a possa sustentar.<br />

O SR. MALAQUIAS: – As leis fisiológicas.<br />

O SR. TOBIAS – Quais são elas?<br />

O SR. MALAQUIAS – Quanto mais bem desenvolvido é o órgão,<br />

melhor é a função.<br />

O SR. TOBIAS – E isto já será decerto uma lei? O maior peso do<br />

cérebro é por si só uma prova de maior desenvolvimento? A fisiologia,<br />

que até hoje, como diz pessoa competente, não se tem<br />

ocupado nem com as funções do desenvolvimento, nem com o<br />

desenvolvimento das funções, bem poucas leis apresenta, que<br />

não possam sofrer contestação; e nesse número não se contam<br />

as que dizem respeito ao cérebro. (BARRETO, 1962, p. 72)<br />

E foi entre as linhas da fala de Tobias Barreto, para demonstrar<br />

o não procedimento desta lei fisiológica, que encontrei o combate<br />

a outras posições contrárias à instrução superior feminina que circulavam<br />

desde o início da segunda metade do século XIX: a de que,<br />

ao ingressar nas faculdades e/ou universidades, as mulheres perderiam<br />

as suas características naturais, aquelas apresentadas pelo<br />

artigo da Gazeta Médica da Bahia, em 1868. A esses argumentos,<br />

que persistem não só no contexto da Assembleia pernambucana,<br />

Barreto rebateu com uma única sentença: “onde existe a cultura,<br />

existe de parceria com ela a docilidade”. (BARRETO, 1962, p. 70)<br />

O emprego da palavra “docilidade” como característica feminina,<br />

que pode ser interpretada não só como ternura e carinho,<br />

invoca, para mim, a mensagem de que a instrução superior<br />

não representava perigo para as relações existentes entre ho-<br />

Gênero, mulheres e feminismos 171

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