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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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No percurso das elaborações teóricas que se sucederam, criada<br />

a indispensável categoria gênero, reconhecido o seu caráter<br />

relacional, a sua dimensão existencial e de análise, sua transversalidade,<br />

em contínua intersecção com outras categorias relacionais<br />

como classe, raça/etnia e – relutantemente – idade/geração,<br />

as velhas quase nunca têm sido objeto direto de consideração e<br />

pesquisa. Nem sequer de crítica, pelo seu presumido passadismo,<br />

nem quando reconhecida a heterogeneidade identitária dos grupos<br />

categoriais na vivência da pós-modernidade.<br />

A gerontologia, ao contrário, não a ignoraria. Nela constrói<br />

o mais básico de sua prática. Mas, como expressa Clary Krekula,<br />

a mulher velha é aí tratada como objeto, problema e não sujeito.<br />

E quando estudada, o tem sido, predominantemente, from a<br />

misery perspective, enfatizado o seu envelhecimento como problema.<br />

Teoricamente mais grave, “[...] nunca se inicia com a experiência<br />

das mulheres, nem da perspectiva de gênero como um<br />

processo social e princípio organizador que cria as experiências de<br />

mulheres e de homens”. (2007, p. 160, tradução nossa) 2<br />

Desencontros teóricos<br />

Uma visão realmente limitada, sem problematização da condição<br />

etária/geracional, tem sido a comum na teoria feminista,<br />

que pressupôs, na sua origem, e ainda pressupõe, em grande<br />

parte, a mulher como a mãe jovem/ esposa/trabalhadora, a que<br />

realiza(va) a famigerada dupla jornada de trabalho. Aquelas em<br />

idade produtiva... e reprodutiva. Como enfatiza, ainda, Krekula<br />

(2007), as mulheres muito jovens, as que não têm filhos e as velhas<br />

(“não trabalhadoras”) ficam invisíveis. Nessa concepção, as ido-<br />

2 No original: “[…] neither starts from women’s own experiences, nor from the perspective of<br />

gender regarded as a social process and organizing principle that creates women’s and men’s<br />

experiences.”<br />

72<br />

Gênero, mulheres e feminismos

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