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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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por instituições assistenciais financiadas por capital externo, de<br />

forma inadequada e ilícita, no bojo de ações dirigidas à saúde da<br />

mulher, com o propósito de controlar a natalidade nos segmentos<br />

mais pobres e de população negra.<br />

Segundo Sônia Corrêa e Rebecca Reichmann (1994), a existência<br />

dessa rede ativa de organizações não-governamentais (ONGs)<br />

de capital externo, voltadas para ações de planejamento familiar<br />

e para o desenvolvimento de estratégias de marketing de contraceptivos<br />

foi a principal responsável pela queda da fecundidade das<br />

mulheres brasileiras, nas décadas de 1970-80. Para Elza Berquó<br />

(1993), tal redução foi obtida pela elevada utilização da esterilização<br />

feminina e da pílula, usadas, respectivamente, por 44% e 41%<br />

das mulheres unidas, de 15 a 54 anos de idade, que usavam algum<br />

contraceptivo, o que fez com que as taxas passassem de 4,5 filhos<br />

por mulher, em 1980, para 3,5, em 1984, chegando a 2,5, em 1991.<br />

Para Elza Berquó e Suzana Cavenaghi, “a transição da fecundidade<br />

no Brasil teve início em meados da década de 1960. As taxas sofreram<br />

redução de 24,1%, entre 1970 e 1980, de 38,6%, na década<br />

seguinte e, a partir daí, 11,1%, entre 1991 e 2000” (2006, p. 11).<br />

É importante destacar, entretanto, que a queda abrupta da<br />

taxa de fecundidade não se deu exclusivamente em decorrência<br />

da atuação das ONGs estrangeiras, uma vez que outras variáveis<br />

também colaboraram para tal. De acordo com Margareth Arilha<br />

(1995), o desenvolvimento econômico, em especial o processo de<br />

industrialização, desencadeou a migração urbana e transformou<br />

os padrões ocupacionais das mulheres. A expansão de modernos<br />

sistemas de comunicação deu nova forma às normas culturais reprodutivas<br />

afetando os padrões reprodutivos no Brasil. Por outro<br />

lado, as políticas de crédito, incentivando novos padrões de<br />

consumo, também fizeram com que as mulheres e/ou casais repensassem<br />

o número de filhos. De acordo com Elza Berquó e Suzana<br />

Cavenaghi (2006), a tendência de declínio da fecundidade se<br />

278<br />

Gênero, mulheres e feminismos

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