02.09.2015 Views

GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

alinne-bonneti-e-c3a2ngela-maria-freire-de-lima-e-souza-org-gc3aanero-mulheres-e-feminismos

alinne-bonneti-e-c3a2ngela-maria-freire-de-lima-e-souza-org-gc3aanero-mulheres-e-feminismos

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

te, parece-nos que havia de lucrar pouco com estas acquisições”<br />

(p. 71). Nem mesmo a justificativa de que as mulheres precisam<br />

ter uma profissão para não terem de se prostituir faz com que haja<br />

uma mudança de opinião. (A MULHER..., 1868)<br />

Aliás, o artigo, nesse caso, sugere que as mulheres sejam direcionadas<br />

às atividades “dignas e próprias do seu sexo” (A MULHER...,<br />

1868, p. 72), pois, desta maneira, estas atividades deixariam de ser<br />

exercidas por homens que, ao fazê-lo, passavam os seus dias em salamaleks<br />

(frescuras?). Enfim, representações de gênero, em específico,<br />

características próprias da masculinidade, como em outros<br />

aspectos da sociedade baiana, foram requisitadas para justificar a<br />

quem se destinava a profissão médica: aos homens, pois estes, sendo<br />

viris, fortes, racionais, preparados para a vida mundana, estariam<br />

aptos a exercerem a função sem ônus morais negativos para a<br />

sociedade.<br />

Não se percebe todavia que haja prazer possível em uma mulher<br />

conviver com as doenças mais repugnantes, e passar os melhores<br />

dias da sua mocidade a dissecar cadáveres. Não pode haver<br />

mulher de gosto tão deploravelmante [sic] depravado! Para se<br />

tornar bom cirurgião e bom médico é preciso que o homem desde<br />

o começo da sua instrucção technica se dê com toda a vontade<br />

e perseverança aos estudos anatômicos. Na [sic] desempenho<br />

d’estes é mister vencer muita repugnância, desprezar muitos<br />

preconceitos, expor-se a muitos perigos. A mulher pela sua<br />

compleição, pelos seus hábitos, pela sua organização nunca poderia<br />

vencel-os. Se para ser bom prático é preciso tudo isso, a<br />

mulher nunca poderia ser boa médica. (A MULHER..., p. 70-1,<br />

grifo nosso)<br />

O viés de raciocínio que conduz esse artigo é o mesmo que se<br />

encontra nas discussões do deputado e médico pernambucano<br />

Malaquias, quando se manifesta contra a petição de bolsa de estudo<br />

feita por Josefa Águeda Felisbela Mercedes de Oliveira para<br />

cursar Medicina nos Estados Unidos, apresentada à Assembleia<br />

168<br />

Gênero, mulheres e feminismos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!