02.09.2015 Views

GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

alinne-bonneti-e-c3a2ngela-maria-freire-de-lima-e-souza-org-gc3aanero-mulheres-e-feminismos

alinne-bonneti-e-c3a2ngela-maria-freire-de-lima-e-souza-org-gc3aanero-mulheres-e-feminismos

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

parece ser este um passo importante para a consolidação de um<br />

olhar, de um lugar de fala e de uma tradição.<br />

Junto a isso há, ainda, a tentativa de transpor uma certa resistência<br />

semelhante àquela que talvez esteja nas origens da ausência<br />

de uma Antropologia Feminista no rol de possibilidades de<br />

atuação e de interesse previsto pela Associação Brasileira de Antropologia.<br />

Em se transpondo tal resistência, desvela-se o feminismo<br />

fortemente presente na Antropologia brasileira, como se<br />

pode perceber na larga tradição de estudos antropológicos sobre<br />

o tema da violência contra a mulher como os de Mariza Corrêa<br />

(1983), Miriam Grossi (1988), Maria Filomena Gregori (1993),<br />

entre outras(os).<br />

Em vista disto, e em um registro mais político, tendo a concordar<br />

com a distinção, proposta por Moore (1988), entre Antropologia<br />

Feminista e Antropologia do Gênero. Sabemos que gênero<br />

e feminismo não são termos independentes, mas, também, que<br />

não têm uma relação necessária. Creio que a necessidade de afirmar<br />

o “feminista” da antropologia é uma atitude, em si, política,<br />

de positivar o engajamento político na produção de conhecimento<br />

e emprestar um caráter especificamente crítico à prática antropológica.<br />

Em muitos contextos, os usos da locução “de gênero” no lugar<br />

do adjetivo “feminista” se revela uma importante estratégia a<br />

fim de tornar este último mais palatável. No entanto, acredito que<br />

apostar em uma postura mais frontalmente política e reafirmar<br />

o adjetivo “feminista” da Antropologia que fazemos, lhe confere<br />

um comprometimento crítico para “desafiar e re-desafiar as suposições<br />

sobre os próprios lugares das pessoas no mundo [...] com<br />

seus complexos conflitos inter-gênero, inter-racial, inter-cultural<br />

e internacional num modo ética e politicamente sensível”.<br />

(MASCIA-LEES; BLACK, 2000, p. 106 apud ONO, 2003, p. 4)<br />

64<br />

Gênero, mulheres e feminismos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!