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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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igualdade, a libertação implica na consciência de uma sociedade<br />

regida por um princípio de realidade diferente, uma sociedade<br />

na qual a dicotomia atual masculino-feminino seria ultrapassada<br />

nas relações sociais e individuais. Assim, o movimento carrega<br />

consigo o projeto, não só de instituições sociais novas, mas<br />

também de uma mudança de consciência, de uma transformação<br />

das necessidades institucionais dos homens e das mulheres,<br />

liberadas das limitações da dominação e da exploração. (apud<br />

OLIVEIRA , 1991, p. 48)<br />

Silvia, o duplo de Sara, a “personagem muda” que, por essa<br />

sua condição, funcionaria na compreensão de Freud como suporte<br />

da fria máscara mortuária, nos sonhos do artista, também não<br />

se aquieta na sua mudez da morte. Essa mulher fictícia que convoca<br />

o seu criador, de modo tão declarado, a se debater com a alma<br />

feminina, no nosso entender, também vai além da imobilidade<br />

que lhe foi decretada.<br />

É uma mulher bonita, exuberante, de gestos delicados. Em alguns<br />

momentos, tem a leveza de uma fada, em outros, a elegância<br />

de uma escultura grega, aparência perfeitamente coerente com a<br />

imagem de musa que nos legou a cultura. É uma representação de<br />

mulher que transita no universo “burguês” daquele mundo em<br />

transe. No entanto, já sabemos, ela “não dá uma palavra do início<br />

ao fim do filme” e este seria o detonador das tensões que provocam<br />

o desconforto em seu criador e intérpretes.<br />

Se a comparamos com Sara, “a militante modelo”, Silvia realmente<br />

atua como o seu contraponto. Entre as duas, existem diferenças<br />

que se expressam nos modos de vestir, de comportamento,<br />

quiçá de percepção de mundo. Enquanto a primeira é vista com o<br />

rosto lavado, tenso, roupas escuras e clássicas, isenta de vaidades,<br />

sempre escrevendo ou falando, investida da militância política, Silvia<br />

usa longos vestidos finos e anda com elegância e leveza como se<br />

deslizasse na vida. Mesmo com seu ar etéreo, ela também cultiva<br />

sentimentos apaixonados e concretos, só que vinculados aos pra-<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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