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GÊNERO MULHERES E FEMINISMOS

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dualidades masculina e feminina, cujas singularidades tendem<br />

a se sobrepor à ‘lógica de grupo’ que demarcava um modo de<br />

convivência anterior. (SINGLY, 2000, p. 15)<br />

O argumento da “lógica de grupo” parece estar, portanto, na<br />

base da solidariedade familiar (e do papel agregador) até aqui discutida<br />

e implícita no conceito de familismo apresentado por Vera<br />

e Díaz (2009). Observa-se, no entanto, que as práticas que sustentam<br />

tal lógica não estariam exclusivamente associadas à família<br />

conjugal e à existência do casamento, o que parece condizente<br />

com a realidade da vida doméstica e familiar existente na periferia<br />

das cidades. Para tanto, Robert Castel explica que à sociabilidade<br />

primária cabe o papel de integração entre os membros de um grupo,<br />

sejam familiares, amigos ou vizinhos ou, ainda, do ambiente<br />

de trabalho, onde os indivíduos vivem “em redes de interdependência<br />

sem a mediação de instituições específicas”, e considera<br />

que, nas sociedades reguladas por essa interdependência, a integração<br />

primária pode ser ameaçada dos processos de desfiliação<br />

que dissolvem os sistemas familiares e os sistemas de interdependência<br />

fundados sobre as relações comunitárias. (1998, p. 48) 1<br />

Tratando-se de situações nas quais os indivíduos vivem “em<br />

redes de interdependência”, Mercedes de la Rocha (1999) discute<br />

um modelo teórico das estratégias de intensificação da mão de<br />

obra familiar e de ajuda mútua, considerando a sua relação com<br />

contextos históricos e sociais de crises econômicas e desemprego.<br />

Para essa autora, as redes de relações nem sempre funcionariam<br />

como “colchões amortecedores da pobreza”, sugerindo, então,<br />

que se conheça com mais acuidade em quais contextos ela continua<br />

a operar na garantia da sobrevivência. O seu argumento se<br />

baseia no fato de que as redes sociais alimentam as expectativas<br />

1 Para Castel (1998), a reestruturação das redes de integração pode ocorrer mediante a utilização<br />

de recursos próprios a um grupo, família ou comunidade, quando tais relações são submetidas<br />

a processos de rupturas.<br />

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Gênero, mulheres e feminismos

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