dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

1982, através da portaria 057/82 do Estado, a escola é regulamentada, passando a se chamar
Escola Estadual de Ribeirão da Folha. A partir deste período começam a chegar as primeiras
professoras normalistas. (ESCOLA ESTADUAL DE RIBEIRÃO DA FOLHA, 2006, p. 18).
Em meio ao sertão do Jequitinhonha uma escola era como um oásis no deserto. Todos
queriam ver seus filhos estudando, mas, infelizmente, segundo alguns moradores mais
antigos, os quais tive a oportunidade de conversar sobre este assunto, nem todos os pais
tinham condições de enviar seus filhos à escola. Um braço a menos nas lidas diárias fazia
falta, e o sustento era mais essencial do que a escola.
Nos dias atuais, como pude perceber durante os meses de pesquisa, a situação mudou,
mas não tanto, pois, muitos jovens da região não concluem nem ao menos a educação básica.
Visitei famílias que possuem filhos fora da escola, alguns estão trabalhando em fazendas da
região, outros migraram para regiões onde podem trabalhar e enviar dinheiro para ajudar nas
despesas da casa.
Pude perceber, também, nas minhas visitas pelas comunidades vizinhas ao distrito de
Ribeirão da Folha, que muitas moças são criadas para casar, e, para casar, não precisam
estudar, assim ainda dizem por ali! E assim, neste contexto ambíguo e difícil a educação vai
tentando derrubar barreiras e preconceitos no sertão das Minas Novas, no distrito de Ribeirão
da Folha, na Comunidade Quilombo. Isso é perceptível pelo esforço daqueles que, apesar das
dificuldades, teimam em prosseguir. Exemplo disso são os jovens atores dessa pesquisa, que,
apesar da distância e das dificuldades de transporte, apesar do cansaço do trabalho, chegam
todos os dias no fim da tarde à escola e, neste lugar, tentam conseguir uma vitória: concluir o
ensino médio. Percebi essa vontade de concluir o ensino médio não somente nos jovens
atores desse trabalho, mas, também, em outros jovens de comunidades vizinhas que
enfrentam os mesmos problemas, como a distância e o cansaço para concluírem a educação
básica. Em outras palavras, quando tudo parece dizer não a estes meninos e meninas, eles
persistem e contrariam uma realidade que parece imutável.
3.4 – Conhecendo os sujeitos da pesquisa
Em fevereiro de 2011, já morando em Ribeirão, e antes de dar início às observações na
escola, fui surpreendida por uma visita em minha casa. Tratava-se de Andrelina e uma amiga.
Ela era moradora do Quilombo e aluna do segundo ano em Ribeirão. Estatura média, morena
clara, olhos castanhos claros, cabelos curtos, também castanhos, presos no alto da cabeça.
Usava uma calça jeans, blusa de uniforme da escola e uma sandália rasteirinha. Muitas
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