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dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

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fugas, individuais ou coletivas, é que foram sendo formados os primeiros grupos <strong>de</strong> negros<br />

vivendo em áreas mais distantes. Os chamados Quilombos.<br />

O antropólogo Kabenguele Munanga explica que a palavra quilombo teve origem nos<br />

“povos <strong>de</strong> língua bantu (kilombo, aportuguesado: quilombo)”. Segundo ele, seu uso no Brasil<br />

é <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> povos bantus que foram forçosamente trazidos como escravos. “Trata-<br />

se dos grupos lunda, ovimbundu, mbundu, kongo, imbangala, etc., cujos territórios se divi<strong>de</strong>m<br />

entre Angola e Zaire” (1996, p. 58). Joseph Miller (1976), citado por Munanga, diz que,<br />

“embora a palavra quilombo seja <strong>de</strong> língua umbundu, [...] a instituição teria pertencido aos<br />

jaga”. Para este autor, entre os séculos XV e XVI, povos <strong>de</strong> origem bantu, como por exemplo,<br />

os jagas e os lunda, se uniram em torno do príncipe Kimbinda Ilunga, que per<strong>de</strong>u a sucessão<br />

do trono Luba <strong>para</strong> seu irmão, e, formaram-se exércitos po<strong>de</strong>rosos <strong>para</strong> a conquista <strong>de</strong><br />

territórios. Esse grupo primeiramente chamado <strong>de</strong> Imbangala passou a ser chamado <strong>de</strong><br />

Kilombo (1996, p. 60). Sobre esse grupo, Joseph Miller (1976) salienta que:<br />

A palavra quilombo tem a conotação <strong>de</strong> uma associação <strong>de</strong> homens, aberta a todos<br />

sem distinção <strong>de</strong> filiação a qualquer linhagem, na qual os membros eram<br />

submetidos a dramáticos rituais <strong>de</strong> iniciação que os retirava do âmbito protetor <strong>de</strong><br />

suas linhagens e os integravam como co-guerreiros num regimento <strong>de</strong> superhomens<br />

invulneráveis às armas <strong>de</strong> inimigos. (MILLER apud, MUNANGA, 1996, p.<br />

60).<br />

Po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r assim, que, o kilombo africano era constituído por uma mescla <strong>de</strong><br />

culturas, uma vez que recebia pessoas <strong>de</strong> diversas partes do continente e <strong>de</strong> linhagens e etnias<br />

diversas. No caso dos quilombos brasileiros, <strong>para</strong> Munanga,<br />

Pelo conteúdo, o quilombo brasileiro é, sem dúvida, uma cópia do quilombo<br />

africano reconstruído pelos escravizados <strong>para</strong> se opor a uma estrutura escravocrata,<br />

pela implantação <strong>de</strong> uma outra estrutura política na qual se encontraram todos os<br />

oprimidos. Escravizados, revoltados, organizaram-se <strong>para</strong> fugir das senzalas e das<br />

plantações e ocu<strong>para</strong>m partes <strong>de</strong> territórios brasileiros não povoados, geralmente <strong>de</strong><br />

acesso difícil. Imitando o mo<strong>de</strong>lo africano, eles transformaram esses territórios em<br />

espécies <strong>de</strong> campos <strong>de</strong> iniciação à resistência, campos esses abertos a todos os<br />

oprimidos da socieda<strong>de</strong> (negros, índios e brancos), prefigurando um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mocracia plurirracial que o Brasil ainda está por buscar. (MUNANGA, 1996, p.<br />

63).<br />

Moura explica que <strong>para</strong> a Coroa Portuguesa, senhora das terras brasileiras, quilombo<br />

era “toda habitação <strong>de</strong> negros fugidos que passem <strong>de</strong> cinco, em parte <strong>de</strong>spovoada, ainda que<br />

não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles” (1987, p. 16). De acordo com<br />

Schimitt, Turatti e Carvalho, essa <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> quilombo acima,<br />

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