dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

professor apreensivo pediu que o aluno descesse. Quando o mesmo, atendendo ao pedido do
professor, andou sobre o telhado para descer, uma parte do telhado afundou com ele, mas,
felizmente ele conseguiu se segurar. Os alunos que estavam na parte coberta do pátio,
juntamente comigo é que sofremos as conseqüências: várias telhas caíram sobre nós. Uma
atingiu minha perna, não chegou a cortar, mas provocou escoriações e um hematoma que
permaneceu por dias. Um pedaço de outra telha caiu sobre o ombro de uma das alunas,
provocando também escoriações e segundo a mesma, fortes dores. Foi um tremendo susto
para todos! O professor demonstrou preocupação, quanto ao fato de nós termos sidos
atingidas e também, com o aluno, que felizmente conseguiu se segurar. Mas no fim, nenhuma
conseqüência grave, somente a parte do telhado que deveria ser reconstruída. Após o
incidente o professor, meio sem graça, se dirigiu até a secretaria/diretoria, provavelmente para
explicar o acontecido.
No dia 03 de maio, após a chegada do “ônibus azul”, fui chamada até a sala dos
professores pelo professor de educação física. Como sempre, muito educado, entregou-me
alguns livros, da Biblioteca da Escola de Alagadiço, disse-me que poderiam, quem sabe,
ajudar nos meus trabalhos, pois, os mesmos eram sobre quilombos. Agradeci a gentileza e
falei-lhe que daria uma olhada nos mesmos. Esse gesto a meu ver demonstra que o professor
acha minha pesquisa importante, uma vez que ele e os jovens sujeitos da mesma, moram no
Quilombo.
Três dias após ter recebido os livros do professor, estava sentada no refeitório com um
deles, o livro “Minas de Quilombo”, (CORRÊA. 2008) quando Ney se aproximou e pegou o
livro dizendo para mim e para a auxiliar de secretaria que também estava no refeitório: “vou
me achar nesse livro” (Ney, 18 anos), 74 e começou a folheá-lo. Após uns dez minutos com o
livro na mão, abriu na página 49, onde havia uma fotografia de uma sala de aula, da escola de
Quartel do Indaiá, comunidade remanescente de quilombo, localizada na zona rural, próximo
à Diamantina. Na imagem escolhida por ele havia várias crianças sentadas numa sala de aula
e uma professora. Ele nos apontou em tom de brincadeira quem seria ele ali: um aluno de pele
morena, vestindo uma camisa da seleção brasileira de futebol, com um caderno sobre a mesa.
Perguntei a ele o porquê da escolha. Ele respondeu-me: “eu sou quilombola, bom aluno e bom
de bola” 75 (Ney, sujeito da pesquisa). Esse gesto indicou que ele valoriza a educação, valoriza
74 Dados de conversa informal. Pesquisa de campo realizada na Escola. 06/05/ 2011.
75 Dados de conversa informal. Pesquisa de campo realizada na Escola. 06/05/ 2011.
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