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dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

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128<br />

Ao contrário, isto era estimulado pelo professor. Este lembrava aos meninos que não<br />

po<strong>de</strong>riam jogar <strong>de</strong> forma brusca <strong>para</strong> que as meninas não fossem machucadas. O menino que<br />

agisse assim seria expulso do jogo.<br />

Para a divisão dos times, daquela aula que eu estava assistindo, o professor chamou duas<br />

alunas <strong>para</strong> que as mesmas tirassem “par ou ímpar” e começassem a escolha dos jogadores.<br />

Com o time dividido teve início a partida. Os dois times jogavam com serieda<strong>de</strong>, e, com<br />

cuidado <strong>para</strong> que ninguém pu<strong>de</strong>sse se machucar.<br />

O entrosamento <strong>de</strong> Ana Paula com o time era bem tranqüilo, brincava com os colegas e<br />

também correspondia às brinca<strong>de</strong>iras dos mesmos. Gritava pedindo a bola quando estava em<br />

uma posição melhor e dividia a bola com os colegas <strong>de</strong> time quando estes estavam também<br />

em uma posição que possibilitasse fazer gol. O time <strong>de</strong> Ana Paula per<strong>de</strong>u. Mesmo assim<br />

todos <strong>de</strong>sceram <strong>de</strong> volta <strong>para</strong> a escola sem brigas ou discussões, apesar <strong>de</strong> alguns receberem<br />

apelidos <strong>de</strong> “frango” ou “perna <strong>de</strong> pau”. Não percebi que tais apelidos fossem <strong>de</strong>preciativos<br />

ou caracterizassem algo que não fosse gozação como parte do jogo que se esten<strong>de</strong>u <strong>para</strong> além<br />

da quadra.<br />

Chegamos à escola e ainda faltava um tempo <strong>para</strong> o término da aula, eram dois horários<br />

seguidos. Cerca <strong>de</strong> oito meninas foram <strong>para</strong> o banheiro e fui com elas. Elas lavaram o rosto,<br />

ajeitaram o cabelo, algumas passaram batom. Perguntei a Ana Paula se po<strong>de</strong>ríamos conversar<br />

um pouco no refeitório, ela respon<strong>de</strong>u que sim. No entanto o bate papo envolveu também suas<br />

colegas. Novamente falei da pesquisa e no meu interesse em que ela pu<strong>de</strong>sse participar. Ela<br />

perguntou se não seria algo difícil, eu expliquei que a observaria na escola, e que faria<br />

anotações sobre essas observações em um “ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> campo”, sendo que, posteriormente,<br />

talvez fizesse entrevista gravada e quem sabe pediria a eles um pequeno memorial sobre suas<br />

vidas. Ela concordou em participar e perguntou-me se <strong>de</strong>pois eles po<strong>de</strong>riam ler o que eu<br />

escrevi. Respondi a ela que sim, que po<strong>de</strong>ria ler quando quisessem, e que, nem os nomes<br />

<strong>de</strong>les seriam citados.<br />

Expliquei que é comum nesse tipo <strong>de</strong> pesquisa usar codinome, ou seja, outro nome <strong>para</strong><br />

cada sujeito que tenha participado da pesquisa. Ela respon<strong>de</strong>u em tom <strong>de</strong> exclamação: “Não!<br />

Quero ver meu nome no trabalho e não outro” 25 (Ana Paula, 16 anos). Respondi balançando a<br />

cabeça afirmativamente, dizendo, ainda, que traria um termo <strong>de</strong> livre consentimento <strong>para</strong> que<br />

eles pu<strong>de</strong>ssem assinar, ou seus pais, caso fossem menores, autorizando suas participações no<br />

25 Dados <strong>de</strong> conversa informal. Pesquisa <strong>de</strong> campo realizada na escola em 11/02/2011.

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