01.08.2013 Views

dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

48<br />

nossa própria cultura <strong>para</strong> percebermos “o outro” e a “cultura do outro”. Isso é um exercício<br />

essencial <strong>para</strong> que esse tipo <strong>de</strong> estudo possa dar bons frutos.<br />

Para Brandão, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> cultura vai além da transformação da natureza através do<br />

trabalho humano:<br />

a cultura não é uma dimensão abstrata que “significa” a natureza. Ao contrário, ela<br />

é o sistema concreto que torna humanamente possível a natureza ser apreendida<br />

como valor e transformada, através <strong>de</strong> processos sociais, em produtos <strong>de</strong> cultura<br />

que distribuem em esferas diversas as diferentes instâncias simbólicas <strong>de</strong> realização<br />

da vida social: a economia, o sistema <strong>de</strong> parentesco, a organização do po<strong>de</strong>r, a arte<br />

e a ciência, a educação. Absolutamente concreta e concretizadora, a cultura não<br />

traduz como símbolo a “realida<strong>de</strong>” da natureza e das relações sociais, mas ao<br />

contrário, as torna realmente existentes ao realizá-las como significado e inscrevêlas,<br />

como tal, na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> sua lógica. (BRANDAO, 1985, p. 105).<br />

Em outros termos o autor nos diz que a cultura precisa produzir um significado, um<br />

sentido no ser humano. Este é parte da cultura que cria, através do seu trabalho, ao longo <strong>de</strong><br />

sua trajetória histórica, numa relação <strong>de</strong> diálogo constante; ao transformar a natureza o<br />

homem é também transformado, ele se cria e se recria constantemente.<br />

Dentre os vários conceitos <strong>de</strong> cultura, um dos mais visitados pela pesquisa educacional<br />

é, sem dúvida, aquele formulado pelo antropólogo norte-americano, Geertz 3 . Na tentativa <strong>de</strong><br />

conferir precisão à categoria <strong>de</strong> cultura, este autor propôs uma perspectiva semiótica <strong>para</strong><br />

alcançar este objetivo. Enten<strong>de</strong>ndo o objetivo da antropologia como sendo a busca pelo<br />

“alargamento do universo do discurso humano”, segundo o antropólogo, “esse é um objetivo<br />

ao qual o conceito semiótico <strong>de</strong> cultura se adapta especialmente bem”. O ponto central <strong>de</strong>ssa<br />

abordagem semiótica seria auxiliar “a ganhar acesso ao mundo conceptual no qual vivem<br />

nossos sujeitos, <strong>de</strong> forma a po<strong>de</strong>rmos, num sentido um tanto mais amplo, conversar com<br />

eles”. Assim, a cultura é um sistema <strong>de</strong> significados que po<strong>de</strong>m ser interpretados, po<strong>de</strong>m ser<br />

<strong>de</strong>scritos, “<strong>de</strong>scritos com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>”. Essa abordagem interpretativa da cultura busca fazer<br />

<strong>de</strong>scrições minuciosas, “não generalizar através dos casos, mas generalizar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>les”.<br />

(GEERTZ, 2008, p. 10-17-18).<br />

De acordo com Brandão,<br />

O que Clifford Geertz quer sugerir é que a cultura não se restringe a ser algo como<br />

as idéias dos homens, os seus comportamentos (ou a abstração dos<br />

comportamentos), “o produto do processo simbólico e social do po<strong>de</strong>r” etc. Ela é o<br />

3 Esta afirmação encontra amparo em pesquisas que vem sendo realizadas pelo EDUC-Grupo <strong>de</strong> Pesquisas em<br />

Educação e Culturas, do Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Educação, sob a coor<strong>de</strong>nação da prof. Sandra Pereira<br />

Tosta. Conferir especificamente TOSTA et al., 2011 e 2012.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!