dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
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Neste <strong>de</strong>morado percurso que me fez mais professora, historiadora e pesquisadora,<br />
importa <strong>de</strong>stacar que estudos em escolas localizadas em comunida<strong>de</strong>s rurais têm sido<br />
<strong>de</strong>ixados à margem nas pesquisas educacionais e, pesquisas nestes ambientes que envolvem a<br />
constituição i<strong>de</strong>ntitária <strong>de</strong> jovens remanescentes <strong>de</strong> quilombo mais ainda. Para termos uma<br />
i<strong>de</strong>ia do <strong>de</strong>scaso dos estudiosos com as pesquisas sobre a educação em ambientes rurais,<br />
Damasceno e Bessera (2004) <strong>de</strong>staca que, ao longo <strong>de</strong> 10 anos, 1980 a 1990, a proporção <strong>de</strong><br />
trabalhos era <strong>de</strong> doze sobre a educação rural <strong>para</strong> mil nas <strong>de</strong>mais áreas <strong>de</strong> educação.<br />
Assim, po<strong>de</strong>mos acreditar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já que este estudo é <strong>de</strong> relevância acadêmica e social.<br />
Acadêmica, pois se acrescenta aos <strong>de</strong>mais e poucos estudos que dizem da educação em<br />
ambientes rurais, e mais relevante ainda por se tratar <strong>de</strong> um estudo em comunida<strong>de</strong>s rurais<br />
on<strong>de</strong> pesquisas na área educacional não foram feitas até então. O que, <strong>de</strong> certa forma, diz <strong>de</strong><br />
um certo ineditismo da temática <strong>de</strong>sta <strong>dissertação</strong>. Social por se tratar <strong>de</strong> uma pesquisa em<br />
que se escutou sujeitos que fazem parte <strong>de</strong> um dos segmentos mais pobres e esquecidos do<br />
sertão mineiro: os remanescentes <strong>de</strong> quilombo.<br />
Pois bem, avancemos então! Este estudo teve como problemática geral a busca por<br />
compreen<strong>de</strong>r como são constituídas as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sujeitos, jovens nascidos e moradores<br />
<strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> remanescentes <strong>de</strong> quilombo, na condição, também, <strong>de</strong> alunos do ensino<br />
médio e que freqüentam a escola em outro local, um distrito também rural? Desta forma, esta<br />
questão nos remeteu à outras: Estes sujeitos interagem regularmente com colegas, professores<br />
e gestores. Assim, consi<strong>de</strong>rando a comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> vivem, o distrito on<strong>de</strong> freqüentam a<br />
escola, como também as influencias trazidas pelos contatos com os “outros”, com a mídia,<br />
com a tecnologia digital, ou seja, em meio a uma “socieda<strong>de</strong> aberta”, é possível pensar numa<br />
constituição i<strong>de</strong>ntitária étnico-racial quilombola? A escola exerce algum tipo <strong>de</strong> influência ou<br />
contribui <strong>para</strong> esta noção <strong>de</strong> pertencimento a partir da percepção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que esses<br />
sujeitos possuem?<br />
Nesta trajetória investigativa, os principais objetivos formulados foram: enten<strong>de</strong>r os<br />
modos como são constituídas as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alunos do ensino médio, moradores <strong>de</strong> uma<br />
comunida<strong>de</strong> rural remanescente <strong>de</strong> quilombo, consi<strong>de</strong>rando suas dinâmicas <strong>de</strong> escolarização;<br />
verificar como a escolarização podia ou não e <strong>de</strong> que modos interferir na constituição das<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stes sujeitos; compreen<strong>de</strong>r a relação que era estabelecida entre a escola, as<br />
culturas e as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses sujeitos; enten<strong>de</strong>r a possível percepção i<strong>de</strong>ntitária que esses<br />
sujeitos possam ter <strong>de</strong> si e da comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> vivem; e, por fim, enten<strong>de</strong>r os modos <strong>de</strong><br />
interação e sociabilida<strong>de</strong>s tecidos por estes sujeitos em seus diversos tempos e espaços <strong>de</strong><br />
convivência.<br />
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