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dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

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Pela leitura do ofício acima, po<strong>de</strong>mos confirmar a preocupação da comunida<strong>de</strong> com a<br />

educação <strong>de</strong> seus jovens: “todos nós da comunida<strong>de</strong> torcemos, <strong>para</strong> que ele possa concluir<br />

seus estudos”; o “todos nós” indica a união dos moradores em prol <strong>de</strong> uma causa, no caso, a<br />

educação <strong>de</strong> um jovem. O oficio mostra também a preocupação <strong>de</strong> que um dia, aqueles que<br />

estudaram voltem <strong>para</strong> ajudar a comunida<strong>de</strong>. Não importa apenas que o jovem se forme,<br />

importa também que ele retorne e que preste ajuda ao seu povo.<br />

Assim que terminamos <strong>de</strong> organizar a igreja fomos ajudar nos últimos pre<strong>para</strong>tivos<br />

<strong>para</strong> a festa. Faltava terminar a farofa <strong>de</strong> andu com torresmo e carne <strong>de</strong> porco, a farofa <strong>de</strong><br />

carne <strong>de</strong> boi e cozinhar o arroz. E, também organizar os pratos, talheres, copos. Ajudamos em<br />

tudo que foi possível. Dona Maria pediu-me que ficasse na porta da sala <strong>para</strong> receber as<br />

pessoas que já estavam chegando. Acredito que minha posição como pesquisadora pesou<br />

nesse pedido, pois a posição <strong>de</strong> anfitriã em momentos como aqueles é muito importante. Eu<br />

receberia todas as pessoas no lugar dos próprios donos da casa. Fico pensando se eu não<br />

estivesse na comunida<strong>de</strong> como pesquisadora e sim como mais uma participante da festa, se<br />

ela teria pedido a mim <strong>para</strong> receber os convidados. Acredito que não. O certo é que nossa<br />

relação <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e apoio facilitou a pesquisa. Ela passou a se referir a mim, no <strong>de</strong>correr da<br />

pesquisa, <strong>de</strong> uma forma carinhosa, <strong>de</strong> “Fia”, ou seja, <strong>de</strong> filha.<br />

Os primeiros a chegarem foram os homens da marujada. Alguns chegaram na<br />

carroceria do carro do sr. Marciano, que também faz parte do grupo. Outros chegaram a<br />

cavalo. A maioria dos marujos são senhores idosos, aparentam ter mais <strong>de</strong> sessenta anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>. Apenas uma criança participa do grupo na condição <strong>de</strong> aprendiz.<br />

Ao conversar com sr. Marciano sobre a participação <strong>de</strong> apenas uma criança, ele disse-<br />

me que as outras não se interessam ou, na maioria das vezes não possuem tempo, pois, além<br />

<strong>de</strong> estudarem, ajudam os pais na lida, ou trabalham em alguma fazenda da região. Ney apesar<br />

<strong>de</strong> seu envolvimento maior nos pre<strong>para</strong>tivos <strong>para</strong> a festa, disse-me que acha muito bonita a<br />

marujada, mas que não possui dom <strong>para</strong> tocar instrumentos, ou dançar, mas que ajuda,<br />

soltando os foguetes e cantando. Renato disse-me que não possui as habilida<strong>de</strong>s necessárias,<br />

mas que, se as tivesse, gostaria <strong>de</strong> participar. Se a Marujada é uma forma <strong>de</strong> preservar a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do lugar e das pessoas que nele vive, as crianças e jovens do local <strong>de</strong>vem ser<br />

estimuladas a <strong>de</strong>la fazerem parte.<br />

Os primeiros marujos que chegaram foram se assentando <strong>de</strong>baixo do barracão <strong>de</strong> gritar<br />

leilão, esperavam pelos <strong>de</strong>mais <strong>para</strong> po<strong>de</strong>rem ensaiar uns passos e abençoar a casa. Em<br />

seguida, sr. Marciano disse-me que receberiam um grupo <strong>de</strong> marujos da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santo<br />

Antônio do Fanado e que neste grupo havia muitas crianças participando, apren<strong>de</strong>ndo a tocar<br />

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