dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

Para Rocha e Tosta,
contexto de significações dentro do qual idéias, comportamentos e transas de poder
podem ser e são efetivamente codificados e significativamente interpretados entre
os seus agentes-atores. A cultura é também, ou através dele, o contexto das
interações onde idéias, comportamentos, símbolos, poderes e objetos materiais
podem ser compreendidos através do seu sentido. Através de uma descrição por
meio da qual o pesquisador totaliza teias de relações aparentemente separadas e a
tudo desvela com uma interpretação nunca definitiva, mas provavelmente mais
densamente explicativa do que acontece. Do que acontece na e como cultura.
(BRANDÃO, 1996, p. 57).
A cultura enquanto teia de significados é tanto reprodução quanto criação de
sentidos. Os significados estão agarrados à linguagem como representações sobre
homens e coisas, subvertendo os signos por serem carregados de sentido subjetivo,
ainda que submetidos a um sistema de idéias e valores de uma cultura. (ROCHA;
TOSTA, 2009, p. 108).
Pensando com estes autores, entendo, então, que a cultura vai mais além do que
apenas transformação da natureza, do que costumes, tradições e valores. Cultura seria a
expressão concreta dos significados e sentidos atribuídos pelas pessoas às suas ações, às
festividades das quais participa ou sobre o grupo do qual fazem parte, bem como aos pares a
sua volta, e aos acontecimentos de sua vida no fluxo de sua ocorrência.
Tentando me aproximar o mais possível destes conceitos de cultura tecidos acima e
dialogando sempre com esses autores, Geertz (2008), Brandão (1985, 1996), Rocha e
Tosta(2009), Tosta (2011) é que tentei entender as culturas da comunidade de Quilombo,
particularmente aqueles padrões expressos por jovens alunos moradores do local, em
comportamentos e interações cotidianas, para perceber como são constituídas as suas
identidades no contexto onde estão inseridos.
1.2.4 – Pensando identidades
Ao tentar desvendar como são constituídas as identidades de alunos do ensino
médio num contexto em que tanto a escola, como a comunidade quilombola foram
consideradas em suas dinâmicas de escolarização, tivemos como base a noção de que
identidade está diretamente ligada ao cotidiano, à cultura, ou melhor, às culturas onde os
jovens se situam e se vêem situados.
De igual maneira, falar de identidade é um empreendimento tão complexo quanto
falar de cultura. Busquei dialogar com autores como, Poutignat e Streiff-Fernart (1998),
Roberto Cardoso de Oliveira(1976), Brandão (1985, 1996), Stuart Hall, (2005), dentre outros.
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