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criação <strong>de</strong> uma revista especializada (Ethnicit,criada em 1974) [...] (POUTIGNAT, STREIFF-<br />
FENART.1998, p. 16-24).<br />
Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar essa imposição na utilização <strong>de</strong>sses termos, <strong>de</strong>vido ao fato do<br />
surgimento <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong> contestação social no mundo todo a partir da década <strong>de</strong> 1960,<br />
como, por exemplo, as lutas pela in<strong>de</strong>pendência dos países africanos, o movimento feminista<br />
e o movimento negro, cada um reivindicando a afirmação <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Ainda segundo<br />
Poutignat e Streiff-Fernart,<br />
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as manifestações <strong>de</strong> renascimento étnico no mundo contemporâneo revelam a<br />
emergência <strong>de</strong> uma nova categoria social igualmente importante <strong>para</strong> análise do<br />
século XX, tanto quanto o foi a categoria <strong>de</strong> classe social pra o século XIX” (1998,<br />
p. 26).<br />
Nesse contexto, a utilização do termo etnicida<strong>de</strong> é tido como próprio do mundo<br />
contemporâneo, e as primeiras pesquisas sobre esse tema, segundo Hannertz, 1974, citado por<br />
Poutignat e Streiff-Fernart, “iniciaram-se segundo duas tradições se<strong>para</strong>das (a da antropologia<br />
social britânica no domínio africano e a da sociologia e da ciência política nos Estados<br />
Unidos” (1998, p. 32).<br />
Des<strong>de</strong> o início da utilização dos termos etnia e etnicida<strong>de</strong>, esses conceitos estão quase<br />
sempre ligados a noções <strong>de</strong> raça, tribo, nação, povo, preconceito, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, entre outros. O<br />
termo tribo e tribalismo, por exemplo, são criticados pela gran<strong>de</strong> maioria dos estudiosos, uma<br />
vez que <strong>de</strong>nota uma visão preconceituosa e estereotipada, quando usada <strong>para</strong> <strong>de</strong>signar<br />
socieda<strong>de</strong>s diferentes da nossa. Antropólogos propõem que se rejeite a utilização <strong>de</strong>stes<br />
termos em prol dos termos etnia e etnicida<strong>de</strong>, aplicados indiferentemente a todas as<br />
socieda<strong>de</strong>s (POUTIGNAT, STREIFF-FENART, 1998, p. 31).<br />
Segundo, os autores, Vacher <strong>de</strong> Lapouge é quem cria o termo etnia, e ele fez isso,<br />
<strong>para</strong> prevenir um “erro” que consiste em confundir a raça – que ele i<strong>de</strong>ntifica pela<br />
associação <strong>de</strong> características morfológicas (altura, índice cefálico etc.) e qualida<strong>de</strong>s<br />
psicológicas –, com um modo <strong>de</strong> agrupamento formado a partir <strong>de</strong> laços,<br />
intelectuais, como a cultura ou a língua. (POUTIGNAT, STREIFF-FENART. 1998,<br />
p. 34).<br />
Para Vacher <strong>de</strong> Lapouge um grupo social, ou étnico, não po<strong>de</strong> ser confundido com<br />
raça, segundo ele, tais grupos “resultam da reunião <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> raças distintas que se<br />
encontram submissos, sob o efeito <strong>de</strong> acontecimentos históricos, a instituições, a uma<br />
organização política, a costumes ou i<strong>de</strong>ias comuns” (POUTIGNAT, STREIFF-FENART.<br />
1998, p. 34).